Uma mulher
o recebeu... (Lc 10,38-42)
Foi assim que Abraão acolheu em seu acampamento os três
visitantes de Gênesis 18. Três peregrinos que os Padres da Igreja identificaram
com as três Pessoas da Trindade. De pé, como um garçom, o patriarca Abraão
serviu-lhes o novilho cevado que mandara matar, enquanto Sara, sua esposa,
amassava os pãezinhos de flor de farinha.
Nosso Deus é um Deus Visitante. Bem
que ele poderia ter ficado alheio à humanidade, à semelhança dos aéreos deuses
do Olimpo, alimentando-se de néctar e ambrosia nas altitudes celestes. Mas Deus
desceu, em busca de hospitalidade...
Na Pessoa do Filho, Jesus Cristo,
Deus desceu até o nível do barro adâmico, deixando que uma Mulher tecesse sua
carne, célula por célula. A mesma Mulher que lhe doou seu sangue durante nove
meses de gestação. Como sintetizou São João, no 4º Evangelho, “o Verbo se fez
carne e habitou entre nós”. (Jo 1,14)
Essa “habitação” divina na carne dos
humanos dependeu inteiramente da acolhida que Maria de Nazaré lhe ofereceu,
abrindo ao Filho de Deus o seu corpo e o seu coração. A Mãe de Deus nos dá o
exemplo acabado de acolhida ao Deus que nos visita.
Na casa de Betânia, lar de Lázaro,
Marta e Maria, nas imediações de Jerusalém [6km], Jesus sempre passava dias de
descanso, fazendo uma pausa em sua cansativa peregrinação. Neste Evangelho, as
duas irmãs o acolhem de modo diferente: Marta, a prática, vai para a cozinha,
pois os hóspedes precisam comer; Maria, a mística, senta-se aos pés do
Visitante, pois ele quer alimentar-se de suas palavras. Aposto que Jesus
valorizou uma e outra...
Não percamos tempo discutindo qual
das duas agiu melhor. Há coisa mais urgente a ser decidida: de que modo vamos
acolher Jesus em nossa vida? Pois ele continua sendo um Deus Visitante e espera
por nossa resposta: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e
abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele
comigo”. (Ap 3,20)
Orai sem
cessar: “Visita-me,
Senhor, com teu auxílio salvador!” (Sl 106,4)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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