Tu és rei? (Lc
23,35-43)
Preso,
flagelado, cuspido, exangue, coroado de espinhos – você diria que Jesus de
Nazaré é rei?
Sem
manto de seda, sem a coroa de ouro, sem o cetro de marfim – você diria que ele
é rei?
Claro
que não! A realeza do Filho de Deus nascido de mulher em nada transparecia sob
as aparências de uma humanidade rebaixada.
Mesmo
Pilatos, o governador romano, alertado pelos sonhos de sua mulher (cf. Mt
27,19), intrigado diante daquele réu impassível e silencioso (cf. Jo 19,9), não
foi capaz de identificá-lo como rei.
Houve
apenas uma exceção: o centurião romano, ao pé da cruz. Quando ele vê Jesus
pregado à cruz, em sua magnífica serenidade, sem os urros e as blasfêmias
comuns em outros condenados ao mesmo suplício, o centurião expressa o ato de fé
impensável: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”. (Mt 27,54)
André
Louf pergunta: “Quem poderia realmente compreender a realeza de Jesus? Bem ao
lado dele, suspenso como ele em uma cruz semelhante, encontra-se alguém que já
está maduro para adivinhar em que sentido Jesus é rei, e em que momento essa
realeza se desdobrará claramente diante de todo o universo. Voltando-se para
Jesus, como para enxugar a infâmia dos insultos e das zombarias, ele sussurra:
‘Jesus, lembra-te de mim quando vieres como rei’”.
“Quando
vieres...” E ele virá? Virá mesmo? Você crê nesta “Vinda” do Filho do Homem, do
Filho de Deus, com poder e majestade? Se não crê, você se alia a Pilatos, a
Herodes, aos sacerdotes do Templo, aos escribas e fariseus. Se você crê, você
subscreve o gemido do ladrão crucificado ao lado, esse notável ladrão que, após
uma vida crimes, aproveita o instante derradeiro para roubar o Paraíso...
Na
primeira Vinda, Jesus veio como profeta e mestre, como servo sofredor. Na
segunda Vinda, Jesus virá como Juiz para julgar, separando ovelhas e cabritos,
e como Rei, para estabelecer em definitivo o Reino de Deus.
Engana-se,
porém, quem avalia que este Reino é coisa de um futuro remoto, promessa
distante para outras eras. Como disse o próprio Jesus, o Reino “está entre
nós”. Jesus reinou já na cruz, esse trono disfarçado, quando disse ao ladrão:
“Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. O Reino já é atual para quem invoca a
divina misericórdia...
Orai sem cessar: “O
Senhor reina, exulte a terra!” (Sl
97,1)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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