Pela vossa perseverança...
(Lc 21,12-19)
Neste
Evangelho, Jesus nos apresenta uma virtude essencial para a nossa salvação: “É
pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida”. Outras traduções
falam em “constância”, “paciência” (modernamente, surgiram os termos
“endurance” e “resiliência”). No original de São Lucas, a palavra é “hypomoné”. Os gregos usavam a expressão
no contexto militar, como na situação de inferioridade diante do exército inimigo,
quando era necessário combater com redobrada coragem e disposição ao
sofrimento.
Aqui,
Jesus se refere à realidade dos últimos tempos. Em seu discurso escatológico,
Jesus deixa claro que as coisas serão difíceis e só permanecerá fiel aquele que
enfrentar a crise com determinação.
Exemplo
vivo de “hypomoné” nos foi dado nas
Olimpíadas de Los Angeles [1984], quando a fundista suíça Gabriele
Andersen-Scheiss chegava ao final do percurso de 42 km da maratona. Sob o forte
calor, estava exausta, sem forças, a ponto de ir perdendo o senso de
orientação. Em pequenos passos, com as pernas retorcidas, a atleta atingiu a
linha de chegada sem desistir. Já não valia nenhuma medalha, mas a multidão a
aplaudiu de pé.
Paulo
usa imagens parecidas: “Acaso não sabeis que, no estádio, todos correm, mas
apenas um ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio. Todo
atleta se impõe todo tipo de disciplina. [...] Trato duramente o meu corpo e o
subjugo, para não acontecer que, depois de ter proclamado a mensagem, venha eu
mesmo a ser reprovado”. (1Cor 9,24-25a.27)
Naturalmente,
trata-se de uma capacidade adquirida após longo treinamento, o que exige uma
firme adesão da pessoa e a obediência a seus treinadores. No caso da vida
espiritual, falamos em “ascética” [do grego “askésis”, no sentido de exercício, esforço]. Esta se associava ao
silêncio, ao jejum e mortificações, em uma espécie de endurecimento da vontade
para resistir a futuros combates. Conhecida como a “ciência dos santos”, a
ascética era disciplina estudada nos seminários, hoje substituída por
sociologia e história das religiões, com os resultados já noticiados pelas
manchetes...
Curiosamente,
ao mesmo tempo que se zomba dos “sacrifícios” dos antigos monges, continuamos a
aplaudir os imensos sacrifícios e privações que se impõem os atletas de hoje
(que chegam a prejudicar a saúde com a ingestão de substâncias químicas,
hormônios e superalimentação). A ascética encontra-se resumida, hoje, ao campo
desportivo.
De
qualquer modo, estamos alertados por Jesus: perseverar e ser constante...
Orai sem cessar: “É o
Senhor quem me enche de força!” (Sl
18,33)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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