quinta-feira, 24 de novembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

Erguei a cabeça! (Lc 21,20-28)
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               O homem de nosso tempo vive de cabeça baixa. Ainda que bípede, ele olha para o chão. Para o asfalto. Ignora o azul do céu e os tons purpurinos do amanhecer. E chama isto de realismo...

               Neste Evangelho, Jesus nos convida a erguer a cabeça, porque é do alto que nos virá o Senhor, em sua Segunda Vinda, para julgar os vivos e os mortos. E este julgamento trará a libertação definitiva de tudo o que é provisório, carnal, mortal.
               É pena que a leitura deste Evangelho quase sempre nos deixe fixados em desgraças apocalípticas: exércitos, destruição, vingança, bramido das ondas, céus abalados. Ora, este “décor” é apenas o pano de fundo para a chegada do Libertador, que vem passar a limpo todas as coisas (cf. Ap 21,5). É para ele que devemos olhar...
               Segundo observa o monge beneditino François Trévedy, existe outro desastre muito maior - este, sim, digno de pavor. Qual seria ele? “O pior cataclismo que nos poderia acontecer – e que este Evangelho supõe, ainda que o deixe implícito – seria vivermos uma vida sem Fim ou, em outras palavras, sem Cristo neste mundo (cf. Ef 2,12) e, sobretudo, sem Cristo a introduzir neste mundo. Pois o Cristo, nosso único Fim extremo, reclama de todos nós que o introduzamos ali.”
               Não é o “Cristo-que-vem” que nós devemos temer, mas o Cristo ausente em nossos dias, em nossas ações, em nossos projetos de vida. A presença é sinal de vida nova, mas a sua ausência é a comprovação da morte.
               Enquanto isto, as guerras e conflitos, a podridão dos costumes, a destruição ambiental e as revoluções climáticas – tudo isto gerado por um estilo de vida sem Deus e sem amor – deveriam ser para nós como clareiras por onde transparecesse a Face de Cristo. A contemplação de tantas desgraças deveria convencer-nos em definitivo da falta de sentido no rumo adotado por nossa civilização. É esta que prepara e anuncia a ruína das construções humanas.
               Erguer a cabeça e olhar para o alto significa que ainda esperamos algo “do céu”, alguma intervenção divina na história dos homens. Olhar para baixo significa que só contamos com nosso próprio esforço. Ou que já não há nada a esperar, restando as possibilidades do aborto, da eutanásia e do suicídio assistido. Mais nada.
               Para o pagão, tudo anuncia a ruína. Para nós, Jesus Cristo garante: “Está próxima a vossa libertação!”
Orai sem cessar: “O Senhor os livrou de suas angústias!” (Sl 107,13)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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