As preocupações da vida... (Lc
21, 34-36)
Nossa
vida pode ficar “pesada”. Pode tornar-se um fardo duro de carregar. Ou melhor,
duro de arrastar... A cada manhã, sair da cama e pôr-nos de pé exige um esforço
sobre-humano. De onde nos virá esse peso insuportável?
No
Evangelho de hoje, Jesus nos adverte para três tipos de “fardos” que tornam
pesada a nossa existência: a embriaguez (e há várias formas de embriaguez!), as
orgias e as preocupações da vida. No Sermão da Montanha, ele recorreu à imagem
bucólica dos lírios dos campos, vestidos de ouro sem nenhum esforço. E apontou
para aves do céu, bem alimentadas sem plantar nem colher. Deus não quer ninguém
sufocado por preocupações...
Muito
já se escreveu sobre a personalidade do “preocupado”. Acima de tudo, ele é um pré-ocupado.
Ocupa-se antes da hora. Sofre hoje a dor de amanhã. Sente-se previamente
oprimido com o problema que está por vir e que... talvez nem chegue a
acontecer. Inútil desgaste de energias humanas!
Claro:
todo preocupado se sente “importante”. Afinal de contas, ele é responsável,
quer as coisas todas em seu lugar, prevê problemas e se antecipa aos fatos. Se
morrer de infarto antes do 50, é mero detalhe. O pior é que ele acaba por
transferir aos outros a sua preocupação, fazendo da vida dos próximos um
verdadeiro inferno. Com certa tendência a prevenir-se contra o pior, cerca-se
de defensas e muralhas, semeia advertências e SOS, torna tensa a família e
eletrifica a equipe de trabalho.
Ora,
Jesus sabia muito bem que isto nos faz mal. Daí, seu lema de sabedoria: “A cada
dia, basta o seu cuidado.” (Mt 6,34.) Esta palavra de sabedoria, o Mestre a
pronunciou logo depois de denunciar que nossas preocupações derivam da falta de
confiança em um Deus que é Pai. Um Deus que alimenta os pardais e veste de ouro
os lírios do campo. Daí, a insensatez que consiste em nos preocuparmos com o
pão e a roupa. Segundo Jesus, atitude típica dos pagãos...
E
que é que o Mestre nos propõe em lugar de preocupações? A vigilância orante.
Velar, “orando em todo o tempo”, para obter a necessária firmeza diante das
dificuldades que virão. A vida de oração aumenta em nós a confiança e nos
dispõe a uma atitude de permanente abandono nas mãos de Deus.
Sim,
todos temos nossas responsabilidades e tarefas inadiáveis. Mas só as de hoje.
Não as de amanhã... Afinal, “o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo...”
(Mt 6,34.)
Orai sem cessar: “Minhas horas estão nas tuas mãos, Senhor!”
(Sl 31,16)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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