domingo, 27 de novembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

Se o dono da casa soubesse... (Mt 24,37-44)
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            Vivemos em tempo de medo. Cai a noite, trancam-se as portas. Cerca eletrificada, porteiro eletrônico, câmeras de segurança, guardas na guarita. Nunca se sabe quando virá o ladrão...

               Abrindo mais um Advento do Senhor, a Igreja não sente medo dAquele que vem: ao contrário, ela destranca as portas, derruba as cercas e se põe ela mesma na posição do sentinela que, sobre a muralha, espera pela aurora do Natal.
               Eis o comentário de François Trévedy sobre este Evangelho: “Não, a vigilância que nos ordena Jesus Cristo não é despertada por um perigo, pelo terror, mas por uma simples chegada, ainda que seja de um “ladrão”. É preciso reconhecer que o “Ladrão” (cf. Mt 24,43; Ap 16,15) de que nos fala o Evangelho não é tão perigoso para nós e, em definitivo, é bem melhor que ele venha.
               Ele não nos rouba por malícia, mas por amor, por um jogo do qual, um dia, participa todo amor verdadeiro. Nós olhamos com pânico para aquilo que chamamos de “últimos fins”, estamos obsedados pelo fim e nem mesmo vemos que o Senhor chega para nós sem cessar e de todos os lados ao mesmo tempo.
               O que provoca a vigilância cristã não é uma catástrofe: é um acontecimento; é o perpétuo assalto – em nós e em torno de nós – da Presença pascal de Jesus Cristo. Este assalto só é perigoso se nós reagimos contra ele, pois Jesus Cristo é inofensivo para quem entra no seu jogo. [...]
               Jesus pode nos surpreender hoje; e na hora de nossa morte ele nos tomará como sua propriedade; ele retomará seu bem em nós, pois é bem no interior de nós, já agora, que isto será tomado e deixado (cf. Mt 24,40-41). Instantâneo como a luz, o Advento de Jesus Cristo operará – e opera desde já! – o corte transversal da história em seu conjunto e da vida de cada um de nós.”
               Por que alguém temeria a Luz? Quem teria medo dessa íntima iluminação? Quem amaria tanto as trevas, a ponto de dar as costas para o Sol nascente? O tempo do Advento é exatamente um convite a derrubar os muros, abrir mão das próprias defesas, escancarar as janelas ao Vento da madrugada, pois o Dia já vem.
               E Trévedy convida: “Deixemos Deus fazer uma intrusão em nós, nos invadir, nos demolir, talvez. É a luz da aurora pascal que faz trincar o túmulo, assim como no estábulo do Natal abre-se uma fresta para a torrente das estrelas...”
Orai sem cessar: “Senhor, na tua luz veremos a luz!” (Sl 36,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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