segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

Isabel ficou grávida... (Lc 1,5-25)
Resultado de imagem para (Lc 1,5-25)                Toda gravidez é novidade. Por certo, a maior de todas as novidades ao nosso alcance. É a gravidez que faz as mães. Ela é que traz os filhos. Ela diz à raça humana que a vida insiste, perpetua-se no tempo e garante a próxima geração.

               Natural, a “novidade” é ainda maior no caso de Isabel de Zacarias: ela é idosa. Ela é estéril. Sua gravidez é um milagre. Mais ainda: é sinal de que Deus está em ação e faz possível o impossível.
               Por tudo isso, não deixa de ser curiosa a reação de Isabel: ela “permaneceu escondida”. Não seria de esperar que a velha parenta de Maria saísse correndo pelas ruelas de Ain Karim, proclamando sua “novidade” às amigas e vizinhas? Seria, mas ela prefere ocultar o segredo do Rei...
               De fato, o texto grego de São Lucas, em sentido literal, diz que Isabel, vendo-se grávida, “cerca-se de segredo” [periékryben eotèn] (cf. Lc 1,24). Nestes tempos em que pretensas curas e milagres são transformados em espetáculo na TV para atrair seguidores (e contribuintes...), a mãe de João Batista celebra em silêncio, no santuário do coração, a graça especial que recebeu do Senhor: “Ele dignou-se tirar a vergonha que pesava sobre mim”. (Lc 1,25)
               Entre os hebreus, herdeiros da promessa do Messias, a esposa estéril era uma fracassada, digna de pena, mas também alvo de irrisão. Podia ser repudiada ou, na melhor das hipóteses, ter de tolerar uma segunda esposa. Não admira que a Sagrada Escritura registre vários casos “impossíveis” de gravidez, como Ana, mãe de Samuel (cf. 1Sm 1,2.20) e a mãe anônima de Sansão (cf. Jz 13,2-3.24). É assim que Yahweh se revela como o Senhor e a Fonte da vida.
               Isabel sabe que foi agraciada. Por isso mesmo, escolhe para o filho o nome de João [no hebraico, Yohanan: “o Senhor concede graça”], ainda que tal escolha encontre reação nos familiares (cf. Lc 1,60-63).
               No tempo litúrgico do Advento, à espera do Natal, também a Igreja está grávida de Cristo. Por isso ela se recolhe, reveste-se de roxo, reduz as flores e faz discretos os instrumentos musicais. A exemplo de Isabel, a espera do filho prometido deve cercar-se de profunda vida interior, preparando o júbilo e os louvores dos anjos de Belém. Grávidos do Natal...

Orai sem cessar: “O segredo do Senhor é para os que o temem.” (Sl 25,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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