sábado, 3 de dezembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

No dia de curar suas feridas... (Is 30,19-21.23-26)
Resultado de imagem para (Is 30,19-21.23-26)
                Nós somos uma raça ferida. Desde o Gênesis, quando um arroubo de autossuficiência e soberba levou os primeiros pais à pretensão de “serem como deuses” (cf. Gn 3,5), uma ferida mortal se instalou profundamente no coração do homem. Foi exatamente para curar esta ferida que o Filho de Deus encarnado, nascido de Mulher, aceitou todas as feridas do Calvário. Nosso Deus é um Deus que cura...

               O batismo cristão é o primeiro passo para a “terapia” de Deus, ao nos mergulhar no Jordão de sua Vida divina. Tal processo de cura não é automático, mas depende em boa parte da aceitação do próprio paciente, que carrega vida a fora as sequelas dolorosas da primeira vulneração. São as ásperas sequelas do egoísmo, do ódio, do orgulho, do desespero, da avidez sem limites, do hedonismo insaciável.
               Piedoso, pacífico, todo misericórdia – em uma palavra: PAI! -, Deus nos dá de presente (o máximo dom!) seu próprio Filho, Jesus Cristo, como nosso médico pessoal. E não o faz de fora para dentro, como os médicos que conhecemos: o Filho entra em nossa carne, tecido célula por célula no ventre sagrado da Virgem Mãe.
               Desde então, Ele é um dos nossos: mesma carne, mesmo sangue, mesmas emoções, mesmos sentimentos. Deus e homem verdadeiro. Aquela criança que veremos no Natal, sobre a palha do trigo, estendida no cocho onde os animais lambem o sal, humildemente envolta em faixas, aquela criança é nossa e é de Deus. Ela nos faz entrar na família do Pai, que nos adota para sempre.
               Assim, para ser completo, nosso Natal deve ser um verdadeiro tempo de cura. O primeiro passo dessa terapia consiste em acolher amorosamente o dom que o Pai nos faz de seu Filho. Acalentando intimamente o pensamento de que somos filhos, seremos curados do sentimento de solidão, da impressão de abandono, da ilusão de lutar apenas com nossas próprias forças.
               O segundo passo desse processo terapêutico significa acolher com idêntico amor os irmãos que – também eles – necessitam de cura e de cuidados. Ao longo da história, muitos já descobriram que só serão curados quando participarem da cura de outros. Perceberam também que nossa filiação divina é a única justificativa para a fraternidade humana. Sem a consciência desta filiação, somos lobos contra lobos.
               Afinal, ninguém será curado enquanto não se sentir amado...

Orai sem cessar: “Cura-me, Senhor, pequei contra ti!” (Sl 41,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário