Consolai meu povo! (Is 40,1-11)

É
aos profetas da Primeira Aliança que o Senhor se dirige com uma mensagem de
paz: “Consolai meu povo!” O mesmo Deus que já dissera a Moisés, do meio da
sarça ardente: “Eu vi a aflição de meu povo. Ouvi seus clamores. Conheço seus
sofrimentos. Desci para o libertar!” (Cf. Ex 3,7-8)
Um
Deus que ama é um Deus que consola. Por isso mesmo, um dos nomes do Espírito de
Deus é “Consolador”. Ninguém se admire, pois, de que Deus envie seus pastores
com a missão de consolar. Seu próprio Filho, que “passou a vida fazendo o bem”
(cf. At 10,38), encarnou de modo extremo essa missão consoladora.
Agora,
para meu espanto, ouço vozes bem próximas afirmando que a missão da Igreja é de
outra natureza. Que o lugar de consolo não é o confessionário, mas o divã do
analista. Que o lugar da cura não é a Igreja, mas o posto de saúde. Que a
missão do pastor não é consolar, mas instigar os pobres a tomarem a terra dos
ricos. Teria Jesus Cristo andado tão errado?
Ainda
bem que o Papa não pensava assim. Em sua Encíclica “Deus é Amor”, Bento XVI
escreveu: “Segundo o modelo oferecido pela parábola do Bom Samaritano, a
caridade cristã é, em primeiro lugar, simplesmente a resposta àquilo que, em
determinada situação, constitui a necessidade imediata: os famintos devem ser
saciados; os nus, vestidos; os doentes, tratados para se curarem; os presos,
visitados, etc. As organizações caritativas da Igreja [...] devem fazer o
possível pra colocar à disposição os correlativos meios e sobretudo os homens e
mulheres que assumam tais tarefas”. (DCE, 31)
Um
Deus pastor pede com urgência uma Igreja de pastores. E, imitando o seu Deus,
ela “carrega ao colo os cordeirinhos, e conduz a lugar fresco as ovelhas que
amamentam” (Is 40,11). Qualquer fuga dessa missão revela-se traição aos
sentimentos do Senhor...
Neste
Natal, como posso consolar alguém?
Orai sem cessar: “Deus leva nossos fardos!” (Sl 68,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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