Grite de alegria! (Is
35,1-10)
A proximidade do Natal produz
efeitos: o recolhimento expectante acaba por extravasar e o roxo dos paramentos
será trocado pelo róseo no próximo domingo. Algo assim como a fímbria das
montanhas que se vai tornando rosada pela aurora que se avizinha. Por isso
chamamos o 3º domingo do Advento de “Gaudete”: um imperativo latino que
se traduz por alegrai-vos! Rejubilai-vos!
Não se trata da alegria mundana,
barulhenta, a alacridade das maritacas no coqueiro. Não a algazarra artificial
produzida à custa de álcool e de drogas. Mas o “gáudio”, o “gozo”, a “letícia”
íntima e profunda que só o Deus da vida pode dar. Ainda que, invadidos pela
alegria, nós nos descontrolemos a ponto de “saltar, gritar e dançar” (Is
35,2)...
Eis o comentário de Urs von
Balthasar: “Isaías descreve a transformação do deserto em região fértil com a
vinda de Deus. “Vede! Eis o vosso Deus!” O deserto é o mundo que Deus ainda não
visitou, mas agora Deus está vindo. O homem é cego, surdo, coxo, mudo, quando
Deus ainda não o visitou, mas agora os sentidos se abrem e os membros se
soltam”.
E a visita de Deus realiza uma
libertação sem limites: “Os ídolos que eram adorados em lugar do Deus vivo,
também eles eram como o descrevem os Salmos e os livros sapienciais: cegos,
surdos, coxos e mudos, e seus adoradores a eles se assemelhavam. Estes se
haviam desviado do Deus vivo, mas agora “regressam os redimidos de Yahweh” (v.
9): eles estão libertados da morte espiritual e renascem para a verdadeira
vida”.
Por que a cidade permanece tão
triste? Por que o planeta dos homens ainda “geme como em dores do parto”? (Cf.
Rm 8,22) Por que ainda cavam cisternas que não podem reter a água, enquanto a
fonte das águas vivas permanece todo tempo à sua disposição?
Com o Natal tão próximo,
voltemo-nos para a fonte da alegria. O pequeno presépio – o boi e o burro são
testemunhas! – nos ensina que a alegria é simples. Tão simples como um
recém-nascido nos braços de sua mãe. Mas a luz que dele se irradia afasta toda
treva e anuncia que Deus se compadeceu de seu povo e vem inaugurar uma era nova
de paz para todos os homens.
É esta a nossa alegria?
Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu estremeço de alegria!” (Sl 9,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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