terça-feira, 17 de janeiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Por causa do homem... (Mc 2,23-28)
Imagem relacionada            Sim, o sábado foi feito por causa do homem. Afinal, Deus não se cansa, não precisa repousar, não precisa do sábado. O “sétimo dia” – o shabat, uma pausa merecida após seis dias de labuta – foi dado ao homem pelo Criador para ritmar sua vida neste planeta, alternando o tempo de trabalho (quando o homem corre o risco de se mudar em escravo) e o tempo de descanso, de culto e de ação de graças (quando o homem recupera profundamente sua condição de liberdade).

            No fundo, toda a Lei foi feita “por causa do homem”. Na tradução latina de São Jerônimo, “propter hominem”. Qualquer dos mandamentos do Decálogo visa diretamente ao bem da pessoa humana, impedindo que seja roubada, assassinada, abandonada pelos filhos, fraudada, dominada por falsos deuses, transformada em besta de carga ou cobaia de pesquisas científicas.
            Ali onde a Lei foi abolida (como no regime socialista soviético, ou no regime nazista alemão, ou no capitalismo selvagem), os homens acabaram escravizados, tratados como anônima massa de mão-de-obra, impedidos de prestar culto a Deus e transformados em bucha de canhão. Sem a Lei de Deus, perdemos a liberdade.
            Isto vale também como freio para excessos cometidos sob a aparência de “religião”, como nas seitas que proíbem a transfusão de sangue com base em uma leitura fundamentalista da Escritura. A Igreja Católica, ao mesmo tempo que preserva o Dia do Senhor, sempre entendeu que há certas atividades, essenciais para a vida social que não podem ser interrompidas mesmo no Domingo, como o trabalho os médicos de plantão, dos motoristas dos coletivos etc.
Aliás, o Domingo – dia do Senhor e dia do homem - é exatamente aquele dia em que os sacerdotes estão mais ocupados em seu trabalho pastoral e nem por isso quebram o mandamento de guardar o Shabat.(Cf. Mt 12,5.) Do mesmo modo, nossos enfermos e idosos ficam dispensados do preceito da missa dominical.
            A religião deve ser libertadora. Não pode ser reduzida a uma camisa-de-força, uma espécie de molde rígido onde as pessoas devem entrar espremidas, forçadas, engessadas. Do contrário, corremos o risco do farisaísmo, quando as aparências são mantidas, mas o coração fica longe de Deus. Tal como os fariseus do tempo de Jesus, que declaravam “corban”, isto é, consagrados a Deus, os bens que possuíam, para assim ficarem desobrigados de socorrer os próprios pais em suas necessidades.
            E minha vida? Também é “por causa do homem”?

Orai sem cessar: “Por meus irmãos e amigos, digo:‘Reine a Paz sobre ti!’” (Sl 122,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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