segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Alguém que não conheceis... (Jo 1,19-28)
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            Eis Jesus Cristo, o ilustre desconhecido... Ainda que o Messias anunciado devesse andar oculto no início de sua missão, era de esperar que os homens da Lei e do Templo o pudessem reconhecer. Pura ilusão!

            O Filho de Deus veio ao mundo, nasceu de mulher, palmilhou nossas trilhas, visitou nossas aldeias, pregou nas praças e... não o conheceram... Em sua cegueira, chegaram a confundi-lo com o filho do carpinteiro, com um dos profetas, o Batista reanimado. Mas não o conheceram!
            O Evangelho de São João realça esse des-conhecimento que se avizinha de uma espécie de recusa pelo Ungido de Deus: “Ele veio para o que era seu, e os seus não o acolheram”. (Jo 1,11) Como num combate entre as trevas e a Luz, o mundo das sombras e do pecado se recusa a ser iluminado pelo Resplendor divino.
            Permanece bem viva em nosso tempo esta possibilidade trágica de desprezar a humilde oferta de um Deus que se abaixa até nós, assume nossa carne e se deixa crucificar por amor. Talvez preferíssemos o deus do poder e da força, mas o que temos é uma criança frágil e dependente. Talvez preferíssemos o deus da glória e do sucesso, mas o que temos é um réu suspenso no madeiro. Talvez preferíssemos o deus da fartura e das facilidades, mas o que temos é um convite a abraçar a própria cruz...
            Não é verdade que ainda des-conhecemos a Cristo?
            Conhecer a Jesus não é o mesmo que ter ouvido falar dele. Não é o mesmo que repetir suas palavras. Não é o mesmo que frequentar templos cristãos.
            Conhecer a Jesus é imitar seu exemplo, pisar suas pegadas, assumir sua missão. Conhecer a Jesus é fazer a vontade do Pai, abrindo mão de preferências, projetos, comodidades.
            Alguém duvida que Madre Teresa de Calcutá tenha conhecido a Jesus Cristo? Ninguém faria o que ela fez se não conhecesse Jesus. Sem esse conhecimento, ninguém amaria os miseráveis como ela amou. Alguém duvida que Charles de Foucauld tenha conhecido a Jesus? Sem essa intimidade, ninguém se isolaria no deserto de Marrocos como ele o fez. Alguém duvida que João Paulo II tenha conhecido a Jesus Cristo? Sem essa profunda amizade, ninguém dedicaria ao Evangelho toda a sua vida, até a última possível palavra...
            Seria terrível chegar ao fim da vida e, em nosso juízo particular, escutar da boca do Senhor as mesmas palavras ouvidas pelas virgens loucas da parábola: “Não vos conheço!” (Mt 25,12) Enquanto há tempo, é hora de vigiar e repetir as palavras ardentes de Santo Agostinho: “Noverim me, noverim Te!” [Senhor, que eu me conheça, que eu Te conheça!] Sem conhecer a Deus, jamais conhecerei a mim mesmo...
Orai sem cessar: “Confiará em Ti, Senhor, quem conhece eu nome!” (Sl 9,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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