Eu não o conhecia... (Jo 1,29-34)
Também o
Batista não sabia que o obscuro filho do carpinteiro era o Desejado de Israel.
Mas agora o sabe! Depois de ver o Espírito descendo na forma de uma pomba sobre
o penitente do Jordão, e sobre ele repousando, João identifica o Cordeiro de
Deus. Sabia antecipadamente que seu batismo na água serviria para reconhecer
aquele que batiza no Espírito e no fogo. E sabia também que sua missão pessoal
era preparar o caminho daquele que “existia antes de mim”. (Jo 1,30)
Avaliado
pela Igreja como o “precursor” – aquele que corre na frente – do Messias, João
faz o papel do atleta que chega velozmente às portas da cidade para anunciar
que o Rei está a caminho. Mas não faz o anúncio de um potentado desconhecido,
pois sabe que se trata daquele que vem do alto, vem de Deus, para “tirar o
pecado do mundo”. Este é o núcleo de seu testemunho e a razão última de sua
missão.
Na encíclica
sobre a validade permanente do mandato missionário, a “Redemptoris Missio” [1990], João Paulo II afirmava que os homens de
hoje dão menos importância às palavras que ao testemunho, acreditando mais nas
testemunhas que nos mestres (RM, 42). João Batista pode ser nosso modelo de
vida cristã em sua disposição de diminuir a si mesmo para que Cristo cresça
(cf. Jo 3,30). Mas ele jamais teria testemunhado Jesus – ao preço de sua
própria vida - antes de conhecê-lo.
Dizem que
faltam testemunhas em nosso tempo. E que certo marasmo eclesial assim se
explica. Seria esta a razão de tal ausência? Como testemunhar alguém que não
conhecemos? Como conhecer alguém que não procuramos? Como apresentar ao mundo o
Mestre cuja Palavra não queremos acolher?
Hoje, todos
nós sabemos sobre Jesus muito mais do que João Batista chegou a saber em seu
tempo, pois correram vinte séculos de vida eclesial, dois mil anos de martírios
e de evangelização. Enquanto impérios e tiranos se reduziram a pó, o vulto de
Cristo, Senhor e Salvador, permanece vivo em meio ao turbilhão de tribos e
sociedades que passaram pelo palco da História.
E mais:
quando todas as utopias se fazem em ruínas – desde o paraíso comunista até o shopping capitalista -, Jesus Cristo
permanece como a última esperança de encontrar sentido para nossa existência. É
para eles que se voltarão todos os olhares quando ele vier na nuvem prometida.
E você, que
ainda não o conhece... Não seria a hora de se dar esta oportunidade? Por que
adiar o encontro iluminador? Por que não entrar no Jordão para obter a visão do
Espírito que desce sobre o Filho do Homem?
Orai sem cessar: “Se conhecesses o dom de Deus...” (Jo 4,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança
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