segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Tu vens a mim? (Mt 3,13-17)
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            Nas margens do Jordão, a fila dos pecadores se aproxima de João Batista, disposta a mergulhar nas águas. Esse banho ritual tem um belo significado: precisamos reconhecer nosso pecado e deixar-nos lavar, por dentro e por fora, como preparação para o Reino que vem na pessoa do Messias.

            Para a surpresa do Batizador, entre os pecadores surge o Cordeiro sem mancha, exatamente aquele que lava os pecados do mundo. Daí a pergunta de João, surpreso e desconcertado: - “Tu vens a mim?” Ou seja, tu és a última pessoa que deveria estar nesta fila. Não tens nada que purificar...
            - “Tu vens a mim?” Na mesma pergunta do profeta, uma reação de espanto e o inevitável movimento de recusa. João ainda não percebeu que a “vinda” do Messias não tem limites. O Messias esperado veio a nós disposto a tudo: já se encarnou, revestiu-se de nosso corpo mortal, deixou-se gestar por uma mulher e, agora, vem aos pecadores como se fosse um deles...
            Eis o comentário de Hébert Roux: “Mateus é o único dos evangelistas a relatar esta conversa entre Jesus e João. Com isto, ele entende completar e deixar claro aquilo que o relato da Natividade já deixava entrever: o Cristo, nascido da Virgem Maria, saído da posteridade de Abraão, vem identificar-se à humanidade maldita, em cujo seio ele aparece como um simples homem, e da qual ele partilha totalmente o destino”.
            Grande decepção! Israel esperava por um Messias glorioso, um general vencedor, e eis que surge, da Galileia dos gentios, um aprendiz de carpinteiro que se mistura à baixa ralé dos pecadores miseráveis...
            “Por seu batismo – adianta-se Hébert Roux -, Jesus indica de que maneira ele vem cumprir toda a justiça: sofrendo ele mesmo, o justo Juiz, a condenação e a morte do homem pecador ao qual ele se identifica. Com isso, enfim, Jesus quer mostrar que o “verdadeiro arrependimento” não é, não pode ser, uma ação do homem natural. Ele assume esse arrependimento que o homem não é capaz de conhecer sem morrer.”
            Arrependimento e morte – um par inseparável. Como posso arrepender-me sem morrer para mim mesmo? Busco o perdão do pecado e não abro mão das situações em que ele acontece? Pretendo a salvação e continuo vivo nas mesmas cobiças? Espero pelo novo Adão e permaneço abraçado ao velho Adão?
            Batizar-se é morrer afogado. Morro nas águas batismais para não morrer nas águas do Dilúvio. E quando voltar à tona, eu verei que fui erguido pelo mesmo Cristo, que mergulhou antes de mim nas mesmas águas de salvação.
Orai sem cessar: “Salva-me, ó Deus, pois a água sobe até o meu pescoço!” (Sl 69[68],2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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