Viram o menino... (Mt 2,1-12)
Que viram os
magos do Oriente? Qual cenário se oferece a seus olhos? O luxo de uma régia
corte? O esplendor de um palácio recoberto de mármore? Não?! Nada disso... Como
podem, então, prostrar-se e adorar o Rei do Universo na gruta de Belém?
Deixemos a
palavra com um grande místico, São Bernardo de Claraval:
“Que fazeis,
ó magos, que fazeis? Adorais um menino que mama em uma rude cabana, envolto em
faixas grosseiras? Seria ele Deus? Mas ‘Deus reside em seu templo santo; o
Senhor tem seu trono nos céus’! (Sl 11,4) E vós o procurais em um estábulo
vulgar, no seio de uma mãe? Que fazeis? Que ouro é este que lhe ofereceis?
Seria este o rei? Mas onde está sua corte real? Onde está seu trono? Onde a
multidão de seus cortesãos? Um estábulo seria um palácio? A manjedoura seria um
trono? Maria e José a multidão da corte? Como podem esses sábios tornar-se
loucos, a ponto de adorarem uma criança desprezível tanto por sua idade quanto
pela pobreza de seus pais?
De fato,
eles se tornaram loucos! E ficaram loucos para ficarem sábios! O Espírito lhes
ensinou por antecipação aquilo que mais tarde proclamaria o apóstolo: “Aquele
que quiser ser sábio, torne-se louco para ser sábio! E como o mundo, com toda a
sua sabedoria, não pôde reconhecer Deus em sua sabedoria, agradou a Deus salvar
os crentes pela loucura da mensagem”. (1Cor 1,21)
E não seria
de temer, meus irmãos, que estes magos ficassem escandalizados e se julgassem
ludibriados ao verem tantas coisas indignas de um rei? Com efeito, da cidade
real, onde pensavam que deviam procurar pelo Rei, dirigiram-nos para Belém, uma
aldeia insignificante! Entram num curral e encontram um bebê enrolado em panos!
Para eles,
no entanto, o estábulo não é sórdido; os panos não os ofuscam; a criança
mamando não os choca: eles se prosternam! Prestam-lhe homenagens como a um rei!
Adoram-no como a um Deus! Seguramente, aquele que os conduziu ali é o mesmo que
os havia instruído. E aquele que os guiou do exterior através da estrela é o
mesmo que os ensina no segredo de seu coração.
Essa
manifestação do Senhor iluminou este dia. A santa veneração dos magos tornou
este dia santo e venerável.” (1º Sermão
para a Epifania)
Na Epifania,
a liturgia sagrada nos oferece uma festa para os olhos. Sobre eles, Jesus
falou: “Bem-aventurados os vossos olhos, porque veem... Muitos profetas e
justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram...” (Mt 13,16-17)
Será que
estamos vendo o que Deus nos mostra? Estamos olhando em outra direção? Ou temos
sobre os olhos um véu que nos mantém cegos e errantes?
Orai sem cessar: “Tenho
os olhos fixos no Senhor!” (Sl 25,15)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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