Ao
celebrar a memória mariana de N. Sra. de Lourdes, historicamente ligada às
aparições da Mãe de Deus a Bernadette Soubirous, em Lourdes, a Igreja escolhe o
Evangelho das “Bodas de Caná”, quando Jesus manifesta sua divindade ao mudar
água em vinho, após a intervenção de Maria.
Mais
que o lado espetacular de um milagre que afeta o próprio coração da matéria,
esta memória cativa nosso olhar para a atuação de Maria de Nazaré, durante uma
festa de casamento celebrada na roça. Quando falta o vinho, alma da festa, é
Maria quem o percebe e recorre ao Filho, à espera de providências. Mas trata de
sair de cena assim que cumpre sua tarefa...
Neste
Evangelho, Maria espelha a imagem da comunidade eclesial, que deve estar atenta
às necessidades dos homens e mulheres de todos os tempos, recorrendo à Fonte de
todo bem, Jesus Cristo, para atenuar os sofrimentos humanos. Sem dúvida, a
imagem da “água” terá motivado a escolha deste Evangelho. O mesmo Jesus que
muda água em vinho, cura o paralítico, à beira da piscina de Bethesda (cf. Jo
5). Do lado aberto de Jesus, no Calvário, jorrou a água para lavar os pecados
da humanidade ferida e devolver-lhe vida plena.
Assim,
é natural que nesta data se celebre o Dia Mundial dos Enfermos, a cada ano. Tal
como Jesus, a Igreja existe para o doente e o pecador. A Mãe de Deus nos serve
de exemplo acabado. Esquecida de si mesma, ela é toda serviço e dedicação aos
mais necessitados. Mas deixa a Jesus o primeiro plano.
Na
Encíclica “Deus é Amor”, Bento XVI
diz: “Maria é grande precisamente porque não quer fazer-se grande a si mesma,
mas engrandecer a Deus. Ela é humilde: não deseja ser mais nada senão a serva
do Senhor. Sabe que contribui para a salvação do mundo, não realizando uma obra
sua, mas apenas colocando-se totalmente à disposição das iniciativas de Deus”.
Com
Maria, aprendemos que a atuação caritativa não é mera “ação social”, mas deriva
de um coração cheio de misericórdia e compaixão. Nossa Senhora de Lourdes
aparece no côncavo de uma gruta, imagem do útero materno, imagem da Igreja
acolhedora e aberta a todos os povos.
Da
gruta, brota a água onde tantos enfermos foram curados. Do coração da Igreja
manam os sacramentos que distribuem vida, curam males e vitalizam os passos dos
homens. E todos estes dons divinos existem para os doentes e os pecadores, não
são um privilégio para os sadios e bem comportados...
Orai sem cessar: “Com alegria tirareis
água das fontes da salvação.” (Is 12,3)
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