domingo, 12 de fevereiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Não vim abolir, mas cumprir... (Mt 5,17-37)
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           Para o fiel judeu, a Lei era algo sagrado, manifestação do próprio Senhor. Quando Jesus anuncia os preceitos éticos de sua Boa Nova, poderia parecer que ele ferisse o edifício sagrado da Torah; no entanto, o Mestre apenas reorientava os olhos e os corações para as intenções originais do Deus que falou no Sinai.

            Hans Urs von Balthasar comenta a passagem:
            “No início do Evangelho, Jesus sublinha que ele não veio abolir a Lei dada por Deus na Antiga Aliança, mas cumpri-la em seu sentido primitivo, pensado por Deus. E isto até seus mínimos traços, isto é, até o sentido mais íntimo que Deus lhe dera. Este sentido foi indicado no Sinai: ‘Sede santos porque eu sou santo’. (Lv 11,44) Jesus o repetirá no Sermão da Montanha: ‘Vós sereis perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito’. (Mt 5,48)
            Este é o sentido dos mandamentos: aquele que quer permanecer na Aliança com Deus deve corresponder à sua atitude e seu pensamento; tal é o objetivo dos dez mandamentos. E Jesus nos mostrará que este cumprimento da Lei é possível; assim ele viverá seu sentido último diante de nós, ao longo de toda a sua existência, até que se realize tudo o que foi profetizado: até a cruz e ressurreição.
            Jesus não nos pede nada de impossível. A primeira Leitura (de hoje) diz literalmente: ‘Se o quiseres, guardarás os mandamentos’. Fazer a vontade de Deus não é outra coisa senão ‘permanecer fiel’, ou seja, fazer esforço para corresponder à sua oferta com reconhecimento. ‘Esta Lei que hoje te prescrevo não está além de teus meios nem fora de teu alcance... pois a Palavra está perto de ti, ela está em teu coração’. (Dt 30,11.14)”
            Nas palavras de Santo Irineu de Lião [130-202 d.C], “imposta a escravos, a Lei educava a alma a partir do exterior e do corporal, levando-a como por uma corrente até a submissão dos mandamentos, a fim de que o homem aprendesse a se acomodar a Deus. Mas o Verbo libertou a alma e ensinou a purificar o corpo a partir do interior, a partir da vontade e do coração. Desde então, era preciso que fossem suprimidas as correntes da servidão, graças às quais o homem pôde se formar e, de agora em diante, seguisse a Deus sem cadeias. Mas era preciso que também fossem ampliados os preceitos da liberdade e acrescia a submissão ao Rei, para que ninguém, voltando atrás, se mostrasse indigno de seu Libertador.”
Orai sem cessar: “Oh! Quanto eu amo a tua Lei!” (Sl 119,97)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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