O fermento
dos fariseus... (Mc
8,14-21)
Durante a travessia do lago, Jesus
dá um alerta aos discípulos: “Cuidado com o fermento dos fariseus e com o
fermento de Herodes!” Isto equivale a dizer: “Mantenham distância! Cuidado com
o seu poder de corrupção! Não se exponham!”
Na
Bíblia (com uma única exceção, creio eu: Lc 13,21), a imagem do fermento é
símbolo do mal e da impureza espiritual. Tanto que, na véspera da Páscoa, as
famílias judaicas deviam pesquisar toda a casa à procura de fermento velho a
ser descartado (cf. Ex 12,15.19). A hipocrisia dos fariseus “azedava a massa”,
o povo de Israel que Jesus via como “ovelhas sem pastor”.
Comenta a Bíblia de Navarra: “Aqui,
a palavra “fermento” é utilizada no sentido de ‘má disposição’. Com efeito, na
elaboração do pão, como é sabido, o fermento é que faz levedar a massa. A
hipocrisia farisaica e a vida dissoluta de Herodes, que só se movia por
ambições pessoais, eram o ‘fermento’ que contagiava desde dentro a ‘massa’ de
Israel, para acabar por corrompê-la. Jesus quer prevenir seus discípulos contra
esses perigos, e fazê-los compreender que, para receber sua doutrina, se
necessita de um coração puro e simples”.
Hoje também há “fermentos” por aí
afora, azedando a vida da Igreja. Teólogos que propõem interpretações da Bíblia
de cunho racionalista, baseados apenas em palpites pessoais ou na ideologia de
seu grupo acadêmico. Moralistas que, com a intenção de “modernizar” a Igreja,
assumem posições subjetivas, pragmáticas, mas que ferem frontalmente a tradição
apostólica e a herança judaico-cristã. Ou pregadores que usam (e abusam!) de
seu púlpito para incitar o povo contra os ricos e semear o ódio entre as classes.
O Apóstolo Paulo não precisou fazer
muito esforço para adivinhar esta situação: “O Espírito diz expressamente que,
nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos
embusteiros e a doutrinas diabólicas, de hipócritas e impostores [...].” (1Tm
4,1-2.) E alerta aos Gálatas com a mesma força: “Ainda que alguém – nós ou um
anjo baixado do céu- vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos
anunciado, que ele seja anátema!” (Gl 1,8.)
Ao ler livros que caluniam a Igreja e
ouvir pregadores heréticos, nós nos expomos ao “fermento” do mal. Correremos o
risco?
Orai
sem cessar: “Detesto os corações divididos
e
amo a tua lei, Senhor!” (Sl 119,113)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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