Para
resgate de sua alma... (Mc
8,34-9,1)
Fomos sequestrados. Pior ainda:
escravizados. Criado livre, o homem usou mal da liberdade e acabou escravo de
sua concupiscência. Sem perceber a ironia da proposta do Tentador – “sereis
como deuses, conhecedores do bem e do mal...” -, o primeiro casal viu-se
decaído e degenerado.
“Pelo pecado dos primeiros pais, o
Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este último permaneça
livre. O pecado original acarreta a ‘servidão debaixo do poder daquele que
tinha o império da morte, isto é, do Diabo’. Ignorar que o homem tem uma
natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da
educação, da política, da ação social e dos costumes.” (Catecismo, 407) Por
isso, São João escreve que “o mundo inteiro está sob o poder do Maligno” (1Jo
5,19). E Paulo, em guerra com suas tendências: “Sou carnal, vendido ao pecado.
Não entendo, absolutamente, o que faço: pois não faço o que quero; faço o que
aborreço. [...] Mas, então, não sou eu que o faço, mas o pecado que em mim
habita.” (Rm 7,14-17.)
Na luta pela liberdade, o escravo
tenta “ganhar a vida”. preencher com as coisas do mundo (dinheiro, poder e
prazer) o abissal vazio de seu interior. Por esses bens, os escravos se
digladiam, fazem guerras. Tudo para “ganhar a vida”. Ambiciosos, odientos, não
podem sequer contemplar a própria face. Assim, usam máscaras: mentem para si
mesmos, tentando sufocar a voz incômoda que sobe de seu íntimo. Ganharão a
vida? Ou irão perdê-la no final de tudo?
Só Jesus aponta o caminho da
libertação: a Cruz! “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome
sua cruz e siga-me. Porque quem quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas quem
perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Que pode dar o
homem para resgate da sua alma?”
A liberdade perdida só se recupera
como dom de Deus. Dom de amor sem limites. Foi a morte de Jesus que nos
resgatou do poder do Inimigo. É seu sangue a moeda de nosso resgate. Não
esqueçamos as palavras de Paulo aos Coríntios: “Não sabeis que o vosso corpo é
templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que,
por isto mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um alto
preço.” (1Cor 6,19-20.)
E o Apóstolo nos mostra o valor da
liberdade cristã retomada no batismo: “É para que sejamos homens livres que
Cristo nos libertou. Ficai firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da
escravidão.” (Gl 5,1.)
Orai
sem cessar: “O Senhor é minha fortaleza e meu
libertador!” (Sl 18,3)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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