Na
Transfiguração de Jesus, episódio que uma antiga tradição situa no Monte Tabor,
os apóstolos Pedro, Tiago e João participam com exclusividade de uma cena de
“reconhecimento”. Da nuvem, tal como no tempo do Êxodo, a voz de Yahweh
identifica a Jesus de Nazaré como “Filho de Deus”.
Até então,
as palavras e os gestos de Jesus de Nazaré tinham suscitado muitas
interrogações, mesmo no grupo seleto dos seus seguidores. Tal como ocorrera na
tempestade do lago, prontamente serenada por um imperativo do Mestre, quando os
próprios discípulos se entreolhavam, tomados de espanto, e perguntavam: “Quem é
este homem?”
No Batismo
de Jesus, nas águas do Jordão, João, o Batizador já fora privilegiado com a
mesma identificação: “Este é meu Filho bem-amado...” Agora, no Tabor, a voz do
Pai acrescenta o imperativo: “Ouvi-o!” Em outros termos, o Pai adverte que suas
palavras estão na boca de seu Filho. Dali em diante, os apóstolos poderão
afirmar com a mais tranquila certeza: “Ultimamente, Deus nos falou por seu
Filho [...], pelo qual criou todas as coisas.” (Hb 1,2)
Neste início
de milênio, uma orquestra dissonante ergue infernal sinfonia para negar a Jesus
a sua filiação divina. Até mesmo no interior da Igreja, alguns teólogos
dissidentes, desmentindo o testemunho de Pedro (cf. At 4,12), chegam a negar
que Jesus Cristo seja o único Caminho de salvação oferecido a nós pelo Pai. Uma
vez reduzido a simples profeta, ou respeitável mestre de sabedoria, ou agitador
político (quem diria!?), Jesus até poderia ser aceito pelo establishment neopagão. Nunca, porém, como Pessoa divina revestida
de nossa carne.
Ocorre que
nós – cristãos do 3º milênio - somos herdeiros diretos da Tradição apostólica e
não podemos renegar o testemunho daqueles que viram a Luz e ouviram a Voz.
Diferentemente de todas as outras religiões, a mensagem cristã é, no fundo, uma
experiência vital que brota da Encarnação do Filho de Deus que “fez sua tenda
entre nós” (cf. Jo 1,14). Sua morte na cruz do Calvário demonstra de modo cabal
a que ponto chegou o amor do Pai pelos homens.
Você crê que
Jesus Cristo é o Filho de Deus? De que modo procura ouvir a sua voz? Ou ainda
se deixa perturbar por vozes estranhas, de outra procedência?
Orai sem cessar: “Hoje
vimos que Deus fala com o homem!” (Dt 5,24)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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