Foi Ele quem me enviou... (Jo 7,1-2.10.25-30)
Jesus
Cristo é o missionário do Pai. Sua descida do seio da Trindade corresponde a um
desígnio do Pai que deseja a salvação de toda a humanidade. Ao desejo do Pai, o
Filho responde com seu sim integral, também ele revelador de um duplo amor:
amor de compaixão pelos homens a serem salvos, amor de obediência ao Pai que
não quer a perdição de ninguém. Daí a resposta do Filho: “Eis-me aqui, ó Pai,
para fazer a tua vontade!” (Hb 10,7.9)
A
atitude do Filho aponta o modelo a ser seguido por todo evangelizador. Não se
trata de uma “profissão” escolhida pelo indivíduo; é claramente uma “vocação”,
isto é, um chamado que vem de Deus, através da Igreja, que nos convoca a
divulgar a Boa Notícia da qual ela é portadora: o Reino está próximo, a
salvação permanece disponível, Jesus morreu por nossos pecados. E Paulo grita:
“já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm 8,1)
Em
sua recente Carta apostólica “Evangelii
Gaudium”, o Papa Francisco recorda a todos nós, os batizados, que a vocação
ao anúncio do Evangelho não é algo opcional, mas um “dever” de todo cristão.
Anúncio que não pode ser imposto, mas que deveria ocorrer por uma espécie de
magnetismo, ao contemplarem nossa alegria e nosso estilo de vida.
“Por fim, frisamos que a evangelização está
essencialmente relacionada com a proclamação do Evangelho àqueles que não
conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram. Muitos deles buscam
secretamente a Deus, movidos pela nostalgia do seu rosto, mesmo em países de
antiga tradição cristã. Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos
têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova
obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo,
oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas por
atração.” (EG, 14)
Na
fonte de uma vida dedicada ao Evangelho, verifica-se uma experiência filial. É
por ser Filho que Jesus acolhe o íntimo anseio do Pai e, prontamente, se
despoja dos privilégios divinos para assumir – em toda a sua fragilidade –
nossa condição humana. E é com voz e sentimentos humanos que o amor do Pai nos
é apresentado pelo Filho encarnado.
Assim
também não estaremos dispostos a assumir o anúncio da Boa Nova se não
experimentarmos em nós “os mesmos sentimentos de Cristo “ (cf. Fl 2,5), ou
seja, se não chegarmos a vivenciar a paternidade de Deus em nossas vidas. É
exatamente esta “filiação” que nos faz ver todos os homens como nossos irmãos e
desperta nossa responsabilidade por sua salvação. Até lá, seremos estranhos...
Orai sem cessar: “Anunciarei
teu Nome aos meus irmãos!” (Sl 22,23)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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