Surgiu
uma divisão por causa dele... (Jo
7,40-53)
Não havia consenso a respeito de
Jesus de Nazaré. Sua figura era objeto de discussões e antagonismos. De um
lado, o povo, que ouvia seu ensinamento e testemunhava seus milagres; do outro,
sacerdotes e fariseus, os “donos da religião”, em cujos preceitos e
preconceitos não se encaixava o incômodo profeta. E cada grupo fincava pé em
suas posições...
Mesmo os conterrâneos de Jesus acham
difícil apostar nele. Sua falta de fé chegou a impedi-lo de fazer milagres em
sua pátria (cf. Mc 6,5-6). Dentro de sua própria família, houve quem o julgasse
sem o juízo perfeito (cf. Mc 3,21). E no grupo dos Doze, o seu líder chegou a
adverti-lo por falar de sua paixão e morte (cf. Mt 16,22-23). Depois, disso,
seria insensatez de nossa parte achar estranho que a pessoa de Jesus cause
divisões...
Aliás, ele-mesmo, Jesus de Nazaré,
falou desse desacordo entre as pessoas que fizessem contato com ele: “Não
penseis que vim trazer paz à terra! Não vim trazer paz, mas a espada.” (Mt
10,34ss) E o Mestre exemplifica com divisões que ocorreriam até no interior das
famílias com pais e filhos e campos opostos por causa dele.
Como pano de fundo, o mistério da
liberdade humana. Alguns ramos do cristianismo falam em uma espécie de predestinação,
atribuindo a Deus a escolha prévia de quem seria salvo ou condenado. Não é esta
a fé da Igreja Católica. Nós cremos que cada pessoa permanece livre para
acolher, ou não, a salvação oferecida em Jesus Cristo.
Entra aqui outro mistério: o dom da
fé! No seio da mesma comunidade, da mesma família, alguns aderem a Jesus
Cristo, outros o rejeitam. Seria necessário verificar os motivos dessa
rejeição. Por que tanta gente manifesta repulsa ou indiferença pelo amor de
Deus revelado EM e POR Jesus?
Existem aqueles que o rejeitam por
terem adotado um estilo de vida incompatível com o Evangelho, adoradores do
dinheiro, do poder, da corrupção, das glórias mundanas. Não poderiam aceitar a
Jesus sem adotar profunda mudança de vida. Existem outros que se escandalizaram
com a conduta de pessoas conhecidas que se dizem cristãs. Esta ferida os mantém
à distância. Existem muitos que foram vítimas de cristãos nominais que os
exploraram, escravizaram e bombardearam. Não admira que Jesus Cristo seja
intragável para eles...
Bem-aventurados aqueles que ouviram
e acolheram a mensagem de Jesus! Na imagem do Salmo 1, são como árvores
plantadas à beira das águas: estarão sempre florescentes e darão fruto no tempo
oportuno.
Nascidos em família cristã, educados
na fé, alimentados pelos sacramentos da Igreja, será que nós temos consciência
de nosso privilégio? Somos agradecidos por todo o investimento de graça e de
amor que Deus realizou em nossa vida?
Orai sem cessar: “Entoai ação de graças ao Senhor!” (Sl 147,7)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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