Por
que estais preocupados?
(Lc 24,35-48)
Jesus ressuscitou, venceu as
barreiras da morte e vai ao encontro de seus discípulos. Como os encontra?
Trancados no salão, com medo dos judeus. Jesus percebe neles o susto e o medo
(cf. Lc 24,37). Duas maneiras de permanecerem paralisados e não anunciarem a
Boa Nova que lhes foi confiada. Parece que ainda há discípulos na mesma
situação...
Em sua Exortação apostólica Evangelii Gaudium (83), o Papa Francisco
se refere a uma “psicologia do túmulo, que pouco a pouco transforma os cristãos
em múmias de museu. Desiludidos com a realidade, com a Igreja ou consigo
mesmos, vivem constantemente tentados a apegar-se a uma tristeza melosa, sem
esperança, que se apodera do coração como ‘o mais precioso elixir do demônio’.
Chamados para iluminar e comunicar vida, acabam por se deixar cativar por
coisas que só geram escuridão e cansaço interior e corroem o dinamismo apostólico.
Por tudo isto, permiti que insista: não deixemos que nos roubem a alegria da
evangelização!”
No Evangelho de hoje, quando
percebem que não estão diante de um fantasma, mas Jesus está realmente vivo à
sua frente, os discípulos saltam do desânimo para a alegria e a surpresa (v.
41). A alegria cristã é indispensável ao anúncio. Francisco nos recorda que “a alegria do Evangelho é tal, que nada e ninguém no-la
poderá tirar (cf. Jo 16,22). Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não
deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor”.
(EG,84)
Esta passagem do sentimento de
derrota para a ousadia é uma espécie de “conversão” sem a qual o Evangelho
permanece sufocado. O Papa afirma: “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia
é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e
desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de
antemão não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança,
perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos. Embora com a
dolorosa consciência das próprias fraquezas, há que seguir em frente, sem se
dar por vencido, e recordar o que disse o Senhor a São Paulo: ‘Basta-te a minha
graça, porque a força manifesta-se na fraqueza’. (2Cor 12,9.) O triunfo cristão
é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que
se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal”. (EG, 85)
Tal como os discípulos se reanimam
na presença do Ressuscitado, também nós deixaremos de lado o derrotismo e
renasceremos na fé. “É precisamente a partir da experiência deste deserto, deste
vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para
nós, homens e mulheres. No deserto, é possível redescobrir o valor daquilo que
é essencial para a vida. [...] Não deixemos que nos roubem a esperança!” (Idem)
Orai sem cessar: “Há abundância de alegria
junto de vós!” (Sl 16,11)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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