Nós
vamos contigo... (Jo 21,1-14)
Sim, Jesus ressuscitou. Os
discípulos, porém, habituados à presença física e palpável de Jesus, ainda não
se acostumaram ao novo estilo de discipulado, quando devem apoiar-se
exclusivamente na fé. Natural que sintam uma espécie de vazio com a ausência
material do Mestre...
É quando Simão Pedro se ergue e diz:
“Eu vou pescar”. Afinal, Pedro é pescador. Quando as coisas não vão muito bem,
um recurso ao nosso alcance consiste em nos prendermos às tarefas do cotidiano,
que podem evitar divagações inúteis e até nos imunizam contra as depressões.
O restante do grupo – eram sete
ao todo (cf. v. 2) – assente prontamente: “Nós vamos contigo”. Na lista dos
Doze, havia pelo menos outros três pescadores além de Pedro (cf. Mt 4,18-21).
Eles não deixariam de se solidarizar com o companheiro de trabalho, do mesmo
modo que o fariam nas tarefas da evangelização.
Aqui, estamos diante de um
aspecto essencial da vida cristã: a dimensão comunitária! Quem comenta é o missionário
Claude Rault, Bispo do Saara argelino: “Desde o início desta passagem, não
estamos em presença de um clube dos amigos da pesca, mas de uma pequena
comunidade de “sete”. É a cifra escolhida por João para designar uma
totalidade. Tal como em Caná. A Igreja não é a associação dos antigos amigos de
Jesus. Ela é o lugar onde se continua sua obra. “Eu vos constituí e vos
designei para que deis fruto, e vosso fruto permaneça.” (Jo 15,16)
É inimaginável que o apostolado
possa ser exercido de outra forma que não seja como Igreja, em comunidade.
Mesmo que eu me encontre sozinho em um recanto perdido, ainda sou um ramo
ligado aos demais sarmentos da vinha.”
Agora se entende por que motivo,
na História da Igreja, tantos missionários reuniram à sua volta um grupo de
seguidores para que seu carisma pessoal tivesse continuidade no tempo. A lista
desses fundadores é incontável: José de Calasanz, Inácio de Loyola, Miguel
Garicoïts, Júlio Chevalier, Dom Bosco, Luigi Biraghi, Paula Montalt, Luísa de
Marillac, Teresa de Calcutá e inúmeros outros.
Uma chaga de nosso tempo é a
mentalidade individualista. Sua consequência imediata é a solidão. Em meu
trabalho de aconselhamento, tive a oportunidade de fazer contato com religiosos
que, mesmo no espaço de uma comunidade, viviam em extrema solidão. Entre os
párocos, isto se repete com frequência. Quando sacerdotes de paróquias vizinhas
se aproximam e começam a cooperar mutuamente, estão passando a seu rebanho um
belo exemplo de solidariedade. Repetem a frase dos seis apóstolos: “Nós vamos
contigo!”
Orai sem cessar: “Como é bom e agradável
irmãos unidos viverem juntos!” (Sl
133,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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