Voltarei e vos levarei comigo... (Jo 14,1-12)
Em plena despedida, Jesus promete
voltar. Parece um “adeus”, mas é apenas “até já”. E aquilo que poderia ser uma
frase solta, perdida no meio de um grande discurso, a Igreja o acolhe como um
mistério de fé: “Creio que há de vir...” E ainda: “Et iterum venturus est
cum gloria judicare vivos et mortuos.” E de novo há de vir glorioso para
julgar os vivos e os mortos – professamos no Credo niceno-constantinopolitano.
Nós cremos? Ainda cremos?
Depois de tantos séculos, de tantas idas-e-vindas da humanidade errante? E se
não cremos, perdemos muito mais que a fé: perdemos simultaneamente o dinamismo
da esperança. E sem ela, esta vida na História se reveste de absurdo e já não
faz sentido...
E é a esperança aquela
virtude-menina (Claudel) que não envelhece com o tempo. Muita gente já baixou
os olhos do horizonte, desceu da incômoda muralha e foi dormir um sono sem
sonhos. Alguém foi jogar na Bolsa. Outro foi acompanhar os jogos da arena.
Muitos foram fazer fortuna. De fato, se o Senhor não vem (não virá?), a vida é
só isto que se vê... Não há mesmo nada a esperar...
Na contramão da opinião dominante, o
“Catecismo da Igreja Católica” discorda: “No dia do juízo, por ocasião do fim
do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem sobre
o mal, os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da
história. Ao vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, Cristo
glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um
segundo suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado sua graça.” (Cf.
681-682)
Igualmente viria discordar o
Apóstolo Paulo: “Porque o Senhor em pessoa, ao sinal dado, à voz do arcanjo e
ao toque da trombeta de Deus, descerá do céu: então os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; em seguida nós, os vivos que tivermos ficado, seremos
arrebatados com eles sobre as nuvens, ao encontro do Senhor, nos ares, e assim
estaremos sempre com o Senhor.” (1Ts 4,16-17)
O antigo
Salmista também discorda: “Minha alma espera pelo Senhor, mais ansiosa que os
vigias pela manhã. Mais do que os vigias que aguardam a manhã, espere Israel
pelo Senhor...” (Sl 130,6-7)
E você? Ainda espera? Morando em uma
tenda provisória, vive à espera da morada definitiva?
Orai sem
cessar: “Maraná tá! Vem, Senhor Jesus!” (Ap
22,20)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
PALAVRA DE VIDA
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