Como eu vos amei... (Jo 15,12-17)
Amar não é fácil. Já que o amor não
consiste em usar o outro para meu prazer... Nem ser o centro das atenções de
alguém... Nem experimentar arrepios e devaneios românticos...
Amar não é fácil, pois a natureza
humana degenerada pelo pecado é incapaz do verdadeiro amor se não for
regenerada pela Graça divina. Entregue a mim mesmo, sem a Graça, eu sou o lobo
do homem...
Ora, não bastasse esta dificuldade
“natural” nos indivíduos de uma raça ferida, vem o Senhor Jesus e nos espreme
contra a parede com um imperativo extremo: “Amai-vos uns aos outros... COMO EU
vos amei”! E COMO foi que Jesus nos amou?
- Até a morte. E morte de cruz!
No capítulo 13 de seu Evangelho, o
discípulo amado anotou que, tendo chegado a hora de Jesus passar para o Pai,
“tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (Jo 13,1)
Até o fim? Esta cláusula pode ser
entendida em sua dimensão temporal, mas expressa também a plenitude máxima da
capacidade de amar. Isto é, Jesus não teve meias-medidas em seu amor. Não
estabeleceu condições para amar. Não manteve uma área de reserva pessoal. Não
amou à espera de alguma contrapartida.
De fato, o amor de Jesus não se
limitou a Maria e José. Seu afeto não estacionou no grupo dos discípulos fiéis,
mas incluiu a covarde negação de Pedro e a traição asquerosa de Judas. No
momento de sua prisão, Jesus “cola” de novo a orelha de Malco que a espada
decepara (cf. Lc 22,50-51; Jo 18,10), beneficiando um de seus perseguidores. Já
cravado no madeiro da cruz, Jesus ainda roga ao Pai que perdoe seus carrascos
(cf. Lc 23,34).
Lev Gillet põe estas palavras na
boca de Cristo, o amoroso: “Meus bem-amados, eu quero revelar-vos minha
essência, minha presença, e tornar ativa em vós uma visão de mim mesmo. Eu sou
o Amor sem limites. Não conheço limite algum no tempo. Não conheço limite algum
no espaço. Não há lugar onde eu não me encontre. Não há momento algum onde eu
não exprima o que sou. [...] Amados meus, ajustai vossos sentimentos ao sopro,
ao toque divino. Sede as cordas vibrantes que transmitem meu Amor sem limites”.
Não admira que Teresa cantasse: “muero porque no muero...”
Orai sem
cessar: “O amor é
forte como a morte!” (Ct 8,6)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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