Para minha alegria estar em
vós... (Jo 15,9-11)
Todos conhecem o velho
refrão: “Um santo triste é um triste santo!” E houve
inimigos da Igreja, como Nietzsche, que nos deram uma boa ajuda ao apontar a
inércia e a cara amarrada dos cristãos. Com razão, creio, pois conhecer a Jesus
e viver “de tromba”, “emburrado”, é um terrível contratestemunho!
Infelizmente, ainda há
gente que considera a alegria, o riso e as brincadeiras como coisa pecaminosa,
incompatível com a santidade. Triste engano! Nas entrelinhas do Evangelho,
percebemos que o próprio Jesus gostava de umas brincadeiras, como quando passou
a chamar de “filhos do trovão” (i. é, Boanerges) os dois
apóstolos que se ofereceram para invocar o fogo do céu sobre os samaritanos.
(Cf. Mc 3,17; Lc 9,54.)
Certa vez, um padre
que assinava o jornal católico “O Lutador” escreveu uma carta lamentando a
publicação de uma foto com a imagem de uma mulher que dançava. E era uma dança
de louvor a Deus, como a de Davi diante da Arca da Aliança, um tipo de oração
“recuperado” por muitas Comunidades Novas.
Mas a alegria que
Jesus deseja derramar em nossos corações não é a alegria barulhenta (ou
alacridade) das maritacas que roem coquinhos na ramagem. Não é uma espécie de
alegria que se manifesta como agitação muscular, epidérmica. Ele pensa em uma
alegria mais profunda (a letícia), que
brota de um coração cumulado de amor e se traduz em paz.
Há uma condição para
experimentar esta alegria, que é fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5,22). Guardar
os mandamentos de Jesus, assim como Ele guarda os preceitos do Pai, permite que
permaneçamos em seu amor. Aí seremos alegres. “Disse-vos isto para a Minha
alegria estar em vós e a vossa alegria ser completa”. (Jo 15,10-11.)
Isto permite entender
a vida de Marthe Robin, a mística francesa que fundou os Foyers de Charité:
vivendo no próprio corpo a Paixão de Cristo todas as semanas, por 50 anos;
paralisada em um pequeno divã e sem poder comer ou beber coisa alguma, vivia na
maior alegria, ria com uma gargalhada brejeira e, de quebra, atendeu
pessoalmente ou em pequenos grupos, nada menos que... 100 mil pessoas! Ouvi
este testemunho de pessoas que conviveram ela.
Você é alegre? Ou já
encontrou bons motivos para “amarrar a tromba”? Que tal mergulhar no amor de
Deus e... sorrir?
Orai sem cessar: “Meu espírito exulta de alegria em Deus!” (Lc 1,47)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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