Esse me ama... (Jo
14,15-21)
Será que amamos a Deus? Será que
correspondemos ao seu amor sem medidas? Neste Evangelho, Jesus nos fornece o
critério para avaliar se amamos a Deus: a nossa obediência.
O mundo pagão talvez estranhe esta
relação direta entre amor e obediência. Já o cristão, depois do exemplo do
próprio Senhor Jesus, há de acha-la natural. Em sua agonia, antevendo a dura
provação que esperava por ele, Jesus dizia em oração: “Pai, se é possível,
afasta de mim este cálice... mas não se faça a minha vontade, e sim a tua”.
Esta entrega incondicional este
abandono do próprio ser eleva a altitudes impensadas o amor que se traduz em
obediência. A Carta aos Hebreus realçou este movimento amoroso do Filho, a quem
o Pai havia proposto assumir um corpo, uma natureza humana, para dizer-lhe o
“sim” que os humanos não tinham conseguido pronunciar. E o Filho responde:
“Então, eu disse: ‘Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade!’” (Hb 10,9)
Também o apóstolo João identificou a
obediência como o sinal de que amamos a Deus: “Quem diz: ‘Eu conheço a Deus’,
mas não observa os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.
Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente
realizado. Com isso sabemos que estamos em Deus.” (1Jo 2,4-5)
Em nossa natureza humana, que ainda
conserva as sequelas da queda original, permanecem vivas inclinações e pulsões
que são adversárias da vontade de Deus. O “homem natural”, que ainda não se
abriu ao sopro do Espírito, irá recalcitrar contra os mandamentos do amor. Em
seu íntimo, combatem o amor por si mesmo e o amor a Deus, com os reflexos de
amor ao próximo.
Ao contrário, quando a pessoa humana
se abre ao Espírito de Amor, torna-se capaz de superar as inclinações naturais.
É assim que Francisco de Assis abre mãos das riquezas, Inácio de Loyola rejeita
as glórias mundanas, Teresa de Calcutá troca o colégio chique pelos mendigos do
lixão. No fundo, uma questão de amor...
O próprio Jesus havia alertado a
seus discípulos: “Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”. (Mt 6,21)
Orai sem
cessar: “Serviremos
ao Senhor e obedeceremos à sua voz!”(Js 24,24)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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