Eu estou convosco... (Mt 28,16-20)
O episódio narrado neste Evangelho é
a Ascensão de Jesus Cristo que, completada a sua missão terrena, regressa ao
Pai, de Quem viera para oferecer a salvação a toda a humanidade. O cenário é
uma “alta montanha”, retomando a imagem dos lugares altos como o espaço privilegiado
do encontro com Deus. As outras personagens da cena são os Onze apóstolos,
ainda fragmentados entre exultação e dúvida, misturando esperanças e incertezas.
E se as dúvidas permanecem mesmo
diante do Cristo ressuscitado, elas vêm comprovar que até para os discípulos a
Ressurreição de Jesus superava de longe toda a imaginação daqueles pobres
seguidores do Mestre. De fato, o homem natural não oferece qualquer apoio para
a fé no Ressuscitado. Só após a iluminação da manhã de Pentecostes esta
barreira seria superada na força do Espírito Santo.
Como apoio e consolo, os apóstolos
ouvem uma nova e inesperada promessa de Jesus Cristo: “Eis que estou convosco todos
os dias até o fim do mundo”, isto é, até a vinda definitiva do Reino de Deus.
Como diz Hébert Roux, “todas as ordens dadas pelo Senhor têm em vista este fim.
Para todo discípulo, trata-se de perseverar até o fim (cf. Mt 24,14; Hb 3,6).
Ora, entre sua primeira e sua segunda vinda, Cristo não deixa órfãos os seus
discípulos (cf. Jo 14,18ss). Aquele que era e que vem, é Aquele que é! (Ap 1,4.8; 4,8)”.
O nome do Salvador, na profecia de
Isaías (7,14) é Emanuel, um “Deus-conosco”, que não saberia ausentar-se do
cotidiano de sua Igreja, recolhido à olímpica eternidade e indiferente à
engrenagem dos séculos, ali onde os homens trabalham e suam, amassando o pão de
cada dia, o mesmo pão a ser consagrado em cada altar, fruto da terra e do
trabalho dos homens.
Em sua Ascensão ao Pai, a impressão
do adeus cede lugar à certeza da presença. Aquela aparente separação dos
sentidos é infinitamente superada pela certeza da fé. Sem a experiência dessa
presença de Jesus Cristo, os mártires não teriam sacrificado suas vidas,
atestando com sangue o Evangelho das palavras; os confessores não teriam
consagrado suas forças ao anúncio da Boa Nova, num outro tipo de martírio
vivido a conta-gotas; e os missionários não teriam atravessado mares e oceanos
para cumprir o mandato: “Ide e ensinai a todas as nações!”
O dia da Ascensão é convite a viver
a Presença de Cristo no meio de nós.
Orai sem
cessar: “Os retos
habitarão na tua presença, Senhor!”
(Sl 140,13)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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