Glorifica teu Filho! (Jo 17,1-11a)
Jesus, nesta mesma mesa, acaba de lavar
os pés dos discípulos (cf. Jo 13), na mais extrema mostra de humildade daquele
que “veio para servir”. Um gesto tão inusitado, tão inesperado, que o primeiro
impulso de Simão é o de recusá-lo. Agora, em oração ao Pai, o mesmo Jesus pede
para ser glorificado. Veríamos aqui uma contradição?
Do modo algum! É que, entre nós, a
palavra “glória” é um termo bastante ambíguo e pode levar-nos a pensar no
fausto dos imperadores, nos louros do atleta olímpico, nos aplausos do artista
consagrado. E não é disso que Jesus está falando...
Como comenta Dom Claude Rault, Bispo
do Saara argelino, a “glória” de Jesus consiste apenas em ser reconhecido como
o Filho do Pai. Se o mundo o reconhecer como Filho, Deus será logo reconhecido
como Pai, abrindo um luminoso caminho de salvação à multidão dos filhos que
talvez ainda o desconheçam.
“A ‘glória de Deus’ é Deus ser
acolhido por aquilo que ele é: o ‘Abbá’, Pai de Jesus, o ‘Abbá’ da humanidade
inteira. A glória de Deus é o próprio Deus presente no coração de toda pessoa humana
reconhecida como seu filho, a começar pelos mais abandonados e pequeninos. A
glória de Deus é o homem e a mulher reconhecidos por aquilo que eles são:
crianças de Deus. ‘A glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão
de Deus’ – dizia Santo Irineu.
A glória de Deus é a humanidade
respeitada em cada um de seus membros, é a dignidade humana reconhecida em toda
pessoa, seja ela quem for. É a face de Deus reconhecida em cada um de seus
filhos.
É isto que Jesus pede através de sua
oração: que conhecendo-o por aquilo que ele é, nós conheçamos o Pai; e
conhecendo o Pai, conheçamos nossa vocação comum: a de sermos contados entre
seus filhos.”
Parece pouco, talvez, mas as
consequências vão além de toda medida humana. É em mim, na minha vida, que a
glória de Deus deve ser manifesta. Meus atos, minhas palavras, minhas opções –
se realizados em uma estatura filial – contribuem para que Deus seja
glorificado. Se minha vida se desenrola em clima de orfandade pagã, isto não
acontecerá.
Ser cristão é viver como filho...
Orai sem
cessar: “Pai
nosso!”
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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