Conforme prometera a nossos pais... (Lc 1,39-56)
Na festa da Visitação de Nossa
Senhora, Mãe de Jesus, a Isabel, mãe de João Batista, a liturgia nos põe em
contato com o mesmo Evangelho do 4º Domingo do Advento (ano C). Os católicos do
Oriente chamam esta festa de “aspasmós”,
a “saudação”, aproveitando a frase de Isabel, no sexto mês da gravidez: “Tão
logo a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de
alegria no meu ventre”.
Esta cena está situada como uma
dobradiça entre as duas alianças: de um lado Isabel, que representa a Antiga
Aliança enquanto portadora de João Batista, o último dos profetas; do outro,
Maria de Nazaré, anunciando a Nova Aliança como portadora de Jesus, o Messias
prometido.
De um lado, séculos de promessas
feitas aos patriarcas (“nossos pais”) e ressoadas na voz dos profetas, como
Isaías que olha além do horizonte e vê a Virgem que dá à luz o Emanuel. Do
outro lado, o cumprimento das promessas realçado por Maria em seu “Magnificat”: “[O Senhor] acolheu Israel,
seu servidor, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos
pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
Em Isabel, concentra-se a prolongada
expectativa de Abraão, Isaac e Israel/Jacó. Não admira que João, ainda na vida
pré-natal (atenção para o duplo sentido de pré-Natal!), estremeça de alegria ao
perceber a aproximação daquele a quem deveria anunciar.
Ora, esta festa vem abrir nossos
olhos e agitar nosso coração, como se dissesse: - “Atenção! Deus cumpre suas
promessas! Deus sempre nos visitará! Às vezes demora, passam gerações, mas a
promessa não falha!”
André Louf comenta: “Quando Jesus,
através da Igreja, através de Maria, nos visita hoje em dia e repercute em nós,
é ainda ele que estremece em nosso coração, onde ele já está escondido.
Estremecimento de alegria no mais íntimo de nós mesmos, velado aos olhos dos
outros, mas que nos ensina que Jesus está em nós com toda a evidência, e que só
respiramos nele e em seu Santo Espírito”.
O Senhor nos visita todos os dias. Sua
voz nos chega de variadas fontes, desde o silêncio das noites consteladas até o
ruído opressivo das metrópoles. Debaixo de cada lâmpada acesa, em cada
cruzamento das ruas, em cada gemido dos hospitais, há uma permanente saudação
do Cristo que nos visita.
Orai sem
cessar: “Visita-me,
Senhor, com teu auxílio salvador!” (Sl 106,4)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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