Amai os vossos inimigos! (Mt 5,43-48)
Os amigos,
nós escolhemos. Os inimigos, não. Muitas vezes, já nascemos com inimigos de
plantão. Perguntem à criança palestina, cujo pai morreu antes que ela nascesse,
fuzilado por uma patrulha israelense... Perguntem ao menino negro do Sul dos
EUA, que não podia sentar-se no ônibus se houvesse brancos na mesma viagem...
Ou à jovem croata, cujo filho nasceu depois de estuprada por um soldado sérvio
com a intenção de levar a mulher a gerar um inimigo...
Aí, vem o
Senhor Jesus – aquele mesmo que mataram em uma cruz – e diz-nos com voz suave e
firme: “Amai os vossos inimigos!” Ah! Parece impossível! Fazer como Estevão, o
primeiro mártir, que rezou enquanto era lapidado: “Senhor, não lhes leves em
conta este pecado!” (At 6,60.)
Bem, pode
não ser fácil. E não é mesmo. Mas Jesus Cristo jamais nos pediria algo
impossível. Ele não nos daria preceitos absurdos! Parece que o Mestre tem algo
em mente, um elevado ideal a ser perseguido por todos nós. É como se ele
dissesse: “Afinal, vocês querem, ou não, ser filhos do Pai do Céu? Ele, o Pai
que faz o sol nascer para todos – os justos, seus amigos, e os injustos, seus
inimigos! Aquele que manda a chuva cair no quintal de uns e de outros,
igualmente...” E Jesus arremata, pensando na pessoa que ainda podemos ser:
“Sede perfeitos como vosso Pai celeste!”
O Pai
celeste não conhece o ódio. Ele não sabe retribuir ódio com ódio. Ele é todo
amor. Se nosso coração ficar cheio de seu amor, também iremos esvaziar o ódio
de nosso interior. Se o Espírito de Deus mover nossas emoções e sentimentos,
então os nossos atos serão também marcados pelo amor.
Alguém dirá:
Você não conhece meu patrão! Você não conhece meu vizinho! Você não conhece
minha sogra! E eu direi: Sim, não OS conheço. Mas eu ME conheço. Sei de meus
defeitos. Sei de meus pecados. E preciso ser perdoado e amado, senão minha vida
será um inferno. E se eu preciso de perdão e de amor, como poderia negar o
mesmo amor e o mesmo perdão aos outros?
Bem, o
cristão não tem inimigos. Pode ser perseguido, caluniado, mas se recusa a
classificar seu algoz como inimigo. Afinal, se o martírio nos abre a porta do
céu, nosso carrasco nos faz imenso bem! E os pequenos algozes de cada dia,
aqueles que nos fazem sofrer de mil maneiras, também eles colaboram para nossa
santificação. Não são inimigos, são colaboradores...
A quem eu
devo perdoar, para merecer o nome de filho de Deus?
Orai sem cessar: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23,34)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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