segunda-feira, 10 de julho de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Não morreu, mas dorme... (Mt 9,18-26)
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                “A morte é a única barreira que não pode ser transposta”, observa Jean Valette [+1999], pastor e biblista da Igreja Reformada da França. Prossegue o mesmo Autor: “Até aqui, o poder de Jesus sempre derrubara as barreiras, mesmo aquelas da possessão, da loucura, da lepra, da paralisia, sem esquecer as mais temíveis: as barreiras da Lei e do pecado. Satã se viu despojado de todos os seus bens.

               Como um rio, Jesus revirou tudo o que se opunha à sua marcha salutar, para levar a vida por toda parte onde passava. E é ainda para levar a vida que ele avança para a casa de Jairo; e é tal o seu poder que, pelo caminho, ele cura uma mulher de improviso e sem ter tido a intenção. Seria impossível descrever com mais simplicidade o caráter irresistível e o poder superabundante desta caminhada.
               A morte, cuja barreira Jesus pretendeu forçar, impõe-se a ele e seus companheiros desde a chegada a casa. O triunfo supremo da morte está em não apenas fazer-se aceitar, mas celebrar! Os prantos e gritos que enchem a morada atestam, como sempre, que a morte não é simplesmente um acontecimento, mas uma potência cruel que obriga a honrá-la aqueles que ela esmaga. E os risos que recebem Jesus são como um eco da própria risada da morte, mostrando como ela sabe fazer com que suas futuras vítimas saúdem sua vitória.
               A este desafio que o recebe desde a soleira da porta, Jesus responde com a palavra dirigida a todos: “A menina não morreu, mas dorme”. Esta palavra não exprime apenas uma filosofia otimista ou serena a respeito da morte. Nem pretende que a morte seja um sono, com tudo o que esta palavra evoca de imagens pacíficas de repouso e de paz. É na perspectiva daquilo que irá fazer, e não do que é a morte, que a palavra de Jesus assume seu sentido. Não porque a morte fosse, em suma, apenas um sono. Jesus assim a define porque ele vai acordar a menina, para quem a morte não terá sido mais que um sono. O Senhor não apresenta nenhum ensinamento teórico sobre a morte e sua verdadeira natureza, mas nega o poder da morte ao afirmar o poder de Deus.
               O incontestável poder que a morte acabara de manifestar é agora contestado, não em virtude da ideia que Jesus faz sobre ela, mas pela virtude do ato que irá abolir a morte. Esta palavra nada nos ensina sobre a morte; ela nos assegura que Deus é também o Senhor desta potência.”
               Em plena cultura de morte, somos chamados a celebrar a vida e, se necessário, dar a vida pela fé na ressurreição.
Orai sem cessar: “Senhor, vós mudastes meu luto em dança!” (Sl 30,12)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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