domingo, 9 de julho de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Vinde a mim! (Mt 11,25-30)
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               Os Evangelhos estão cheios de imperativos: amai! Perdoai! Buscai! Mas nenhum deles me parece tão atrativo quanto este: - “Vinde a mim!” Mais que mero convite, este imperativo não se dirige a privilegiados, mas tem alcance universal: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados...”

               Vale a pena pausar e perguntar: - “De quem parte o chamado a VIR?” Ora, parte exatamente daquele que VEIO a nós: o Filho de Deus nascido de Mulher. Sim, primeiramente Jesus Cristo VEM a nós, revestido de nossas fragilidades, também ele capaz de se cansar e de sofrer. Só depois ele nos chama a VIR também. Então, por que não IR até aquele que VEIO a nós?
               O chamado de Jesus traz anexa uma promessa: “encontrareis descanso”. Se a caminhada humana é um êxodo permanente, se a condição do homem é árdua peregrinação (homo viator...), se muita gente passa pelo “sufoco” nosso de cada dia, é em Jesus que se faz possível o remanso e a paz.
               E por paradoxal que isto nos pareça, o descanso só se alcança ao tomar o mesmo jugo de Cristo, isto é, ao abraçar sua cruz, quando nos tornamos livres e abertos ao amor. Nas palavras de Hébert Roux, “em Cristo, manso e humilde coração, isto é, rebaixado, crucificado, humilhado, encontra-se o repouso da alma. Esta expressão, também ela tomada do Antigo Testamento (cf. Jr 6,16), designa aquilo que, em outra passagem, Jesus chama de ‘paz’ (cf. Jo 14,27)”.
               Claro que não se trata daquilo que o mundo pagão entende por “paz”: tranquilidade absoluta, segurança geral, celeiros abarrotados, férias na praia... Ao contrário, a paz do Evangelho é irmã da simplicidade e dos pardais que Deus alimenta. Ela anda ao lado daqueles que não precisam de cercas eletrificadas, pois nada têm a perder. Ela pulsa no coração alegre daqueles que saíram de si em direção ao outro, tecendo com ele uma teia universal de fraternidade.
               Um aspecto quase sempre esquecido é a imagem do jugo – isto é, da canga – que somos convidados a tomar sobre nós. Um boi de carro não carrega sozinho o peso de sua canga: ela é sempre repartida! E o imperativo de Jesus garante que jamais estaremos sozinhos debaixo deste peso, pois o Senhor estará conosco...
               Bem, esta paz pode ter um preço. Pode custar caro. Pode desaguar na cruz. Mas é a única paz verdadeira. Só ela permite dizer, ao fim: “Tudo está consumado...” (Jo 19,30)
Orai sem cessar: “O Senhor abençoará seu povo com a paz!” (Sl 29,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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