terça-feira, 18 de julho de 2017

PALAVRA DE VIDA

O dia do julgamento... (Mt 11,20-24)
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               A compreensão deste Evangelho pede auxílio à geografia. Sem panos quentes, Jesus contrasta duramente três cidades do Povo Escolhido – Corozaim, Betsaida e Cafarnaum – e três cidades pagãs – Tiro, Sidônia e Sodoma.

               As três primeiras eram conhecidos centros de estudos rabínicos, aqueles “sábios e entendidos” aos quais o Pai ocultou seus mistérios (vide v. 25). Jesus se lamenta por ter “desperdiçado” tantos milagres nestes centros de doutores, ao ver que os “sinais” não os haviam despertado para a conversão.
               Situadas no entorno do Lago de Tiberíades, experimentaram progresso e desenvolvimento econômico devido às obras romanas na região, no tempo de Jesus.
               As três últimas cidades eram símbolos acabados da “impureza” dos não-povo (os goyim), detestados por Israel e desprezados como “cães”. Tiro e Sidônia eram cidades da Fenícia (atual Líbano), dedicadas ao comércio marítimo e exportadoras da preciosa tintura de púrpura. Este pigmento era produzido a partir de um molusco abundante na região, o “múrex”, cujas carapaças apodreciam no litoral e empestavam os ares.
               Os fenícios adoravam um ídolo: a deusa Astarte, filha de Baal e irmã de Camos, deusa da lua, da fertilidade, da sexualidade e da guerra. Para os judeus, uma detestável abominação. Alguns dos cultos fenícios incluíam vítimas humanas. Por tudo isso, um israelita fiel jamais se aproximaria desses estrangeiros.
               A cidade de Sodoma, por sua vez, era desde o Gênesis o símbolo máximo de uma sociedade corrupta e prostituída, da qual Lot teve de fugir com sua família. Juntamente com Gomorra, acabou destruída por um castigo do céu, ardendo sob uma chuva de fogo e enxofre (Gn 19).
               Em suma, é fácil adivinhar a reação de ódio dos ouvintes de Jesus diante desta comparação. Era demais para o orgulho nacional dos judeus! E não foi a única ocasião em que Jesus elogiou os estrangeiros por suas demonstrações de fé e de abertura à graça de Deus (cf. Mt 8,10; 15,28; Lc 7,9; 11,31; 17,18-19 etc.), em contraste com a falta de fé de seus compatriotas.
               Deixando a geografia e a história antiga, voltemos ao presente: de que maneira estou preparando o dia de meu julgamento? Merecerei o “ai de ti” dirigido às cidades de Israel? Ou abro meu coração como as cidades pagãs?

Orai sem cessar: “O Senhor é a minha defesa!” (Sl 94,22)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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