segunda-feira, 17 de julho de 2017

PALAVRA DE VIDA

Vim separar o homem de seu pai! (Mt 10,34-11,1)
Imagem relacionada             Seria apenas uma provocação? Não. Jesus está falando sério. Diante da “espada” de sua Palavra, isto é, diante das propostas de seu Evangelho, é inevitável que as pessoas acabem divididas.
               Lembram-se de Francisco de Assis, que se apaixonou pela pobreza e pelo pobre? Seu pai, rico mercador de tecidos, não entendeu a atitude do filho que distribuía seus bens aos pobres. Como o pai ameaçasse deserdá-lo, Francisco despe até mesmo a roupa do corpo e, nu, na presença do bispo, abre mão de sua herança para seguir a Jesus de modo radical.
               Um de meus professores, Pe. Carlos Morra, pertencia a uma família da antiga nobreza espanhola. Seu avô e seu pai eram destacados arquitetos. Quando o jovem Carlos manifestou seu desejo de ser padre, encontrou a recusa de seu pai. “Teu avô era arquiteto. Eu sou arquiteto. Tu serás arquiteto!”
Obediente, Carlos estudou arquitetura. No dia da formatura, recebeu o canudo e dirigiu-se ao pai: “Aqui está o seu diploma. Hoje, às 18 horas, entro para o seminário.” Entre os meus professores, Pe. Carlos foi um dos mais sábios e mais santos... Entre o desejo humano do pai e o chamado que Deus lhe fazia, ele teve a coragem de fazer uma dolorida ruptura e seguir sua vocação.
Neste Evangelho, Jesus contrapõe os verbos “achar” e “perder”. Hoje, em pleno clima de capitalismo, diríamos “ganhar” e “perder”. O mundo pagão dedica-se a ganhar, acumular, fazer sucesso. O seguidor de Jesus aceita perder-se pelo bem do outro, como a mãe que “gasta” a vida pelos filhos.
Certa vez, fiz uma palestra na Universidade de Viçosa, MG. Logo na entrada da Universidade, destacam-se quatro grandes colunas, cada uma delas com um verbo latino: EDISCERE, SCIRE, AGERE, VINCERE. Isto é: aprender, saber, agir, vencer.
Ao final, manifestei aos ouvintes a minha intenção de dinamitar a quarta coluna, edificando outra em seu lugar. Trocaria o verbo “vencer” (típico de uma mentalidade capitalista, utilitarista, quando o saber é acumulado como uma forma de poder sobre os outros) pelo verbo SERVIR. Assim, a oportunidade de cursar uma Universidade assumiria objetivos inteiramente novos... A ciência adquirida reverteria no bem comum, no serviço ao próximo. Para minha surpresa, o auditório, na maioria universitários, aplaudiu minha proposta...
E você? Aplaudiria também?
Orai sem cessar: “Senhor, vós sois a minha parte de herança!” (Sl 16,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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