sábado, 12 de agosto de 2017

PALAVRA DE VIDA

 No fogo ou na água... (Mt 17,14-20)
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            O filho é doente crônico. Tem constantes ataques. O pai angustiado procura por Jesus, após uma fracassada tentativa dos discípulos de curarem o menino. (cf. v. 16). É sua última esperança.

            De que sofria a criança? No texto grego original de São Mateus, o termo que define a doença é “seleniázetai”, forma verbal derivada de “selene”, a Lua. Por isso mesmo, ao verter o texto para o latim, São Jerônimo escolhe a palavra “lunaticus”. Os antigos atribuíam certos desequilíbrios nervosos ou mentais às fases de Lua. Ainda hoje, dizemos que alguém “está de lua”... Algumas traduções ousam um diagnóstico de epilepsia.
            Seja como for, o que temos de concreto é que o doente “ora caía no fogo, ora caía na água”. Oscilava de um extremo a outro. Como chegaria ao equilíbrio entre os opostos? Como poderia livrar-se da agitação dos contrários? Como dar fim à sua perturbação?
            Nós sabemos que a paz definitiva só pode ser encontrada na pessoa de Jesus. Ele é a nossa paz (cf. Ef 2,14). Vale lembrar que, no idioma hebraico, a palavra PAZ [shalom] se escreve com três consoantes: shin / lamed / men. O formato das letras se associa a coisas concretas: shin, línguas de fogo; men, o odre de água; lamed, a balança de dedo. O equilíbrio (o fiel da balança) entre os dois opostos: eis a paz...
            Quantas vezes nós somos dominados por um círculo vicioso que nos arrasta da euforia à depressão, e vice-versa! Fala-se hoje em bipolaridade. Em estados maníaco-depressivos. Um rápido exame de nossa vida passada mostra quanto tempo já passamos sem experimentar uma paz duradora.
            São muitos, porém, os que testemunham a superação dessas angústias a partir de um encontro pessoal com Jesus. São capazes de apontar o dia e a hora em que esse encontro aconteceu. E como se sentiram livres da depressão causada pelo remorso, pelo fracasso profissional, por uma autoimagem frágil, por feridas da infância; mas livres também de sonhos de grandeza, impulsos irracionais que geravam hiperatividade e as mais mirabolantes iniciativas.
            Neste Evangelho, o mais importante não é uma definição entre o mal físico (epilepsia?) ou espiritual (possessão demoníaca). O essencial é que Jesus cura. Seja qual for a nossa enfermidade, a fé em Jesus é um caminho de higidez. Notar qual foi a exclamação de Jesus, no texto, ao ouvir que os discípulos tinham fracassado em curar o menino: “Ó geração sem fé e pervertida!” (Mt 17,17)
            É bom ler o Novo Testamento com atenção e notar a “vida nova” experimentada por muitos daqueles que Jesus curou: a Samaritana, Madalena, Saulo... Crer faz bem à saúde...
Orai sem cessar: “O Senhor cura os corações atribulados...” (Sl 147,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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