Não as
impeçais! (Mt 19,13-15)
A
cena é banal, à primeira vista: um rápido instantâneo do cotidiano gravado em
apenas três versículos. As mães levam seus pequenos até Jesus para receberem
sua bênção. Os discípulos tentam enxotar as crianças. E o Mestre reage com um
imperativo: “Não as impeçais!”
Bem
intencionados, os discípulos? Talvez. O Mestre podia estar cansado. Aliás,
estava de saída (cf. v. 15). Mesmo assim, a “bronca” permanece. Jesus quer as
crianças junto de si. Ele ama os pequeninos.
Sim,
todos sabem: criança faz barulho, criança dá trabalho, criança “enche”... Não é
à toa que os casais fazem tudo para “evitá-las”. Não é estranho? Há uma lista
de coisas a serem evitadas: evitar doenças, evitar acidentes, evitar...
filhos?!
Pois
Jesus ama as crianças. Ele está dizendo que não se deve impedir que elas se
aproximem dele. E a advertência vale para os pais, os educadores e os poderosos
que traçam as políticas do ensino. O regime soviético fez de tudo para desviar
as crianças do caminho da fé. Chegaram a retirar água benta das pequenas pias
que ficavam na entrada das igrejas e, com o microscópio, mostravam aos pequenos
a presença de bactérias. As mesmas que se encontram em todo tipo de água. O
objetivo era afastá-las da religião, mesmo à custa de trapaças!
Eis
o ensinamento de João Paulo II, na Encíclica Familiaris Consortio:
“Na
família, comunidade de pessoas, deve reservar-se uma especial atenção à
criança, desenvolvendo uma estima profunda pela sua dignidade pessoal, como
também grande respeito e generoso serviço pelos seus direitos. Isto vale para
cada criança, mas adquire uma urgência singular quanto mais for a criança
pequena e desprovida, doente, sofredora ou diminuída.
Solicitando
e vivendo um cuidado terno e forte por toda criança que vem a este mundo, a
Igreja cumpre uma sua missão fundamental: revelar e repetir na história o
exemplo e o mandamento de Cristo, que quis pôr a criança em destaque no Reino
de Deus: ‘Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, pois deles é o
reino de Deus’. (Mt 19,14)
O
acolhimento, o amor, a estima, o serviço múltiplo e unitário – material,
afetivo, educativo, espiritual – a cada criança que vem a este mundo deverão
constituir sempre uma nota distintiva irrenunciável dos cristãos, em particular
das famílias cristãs.” (FC, 26)
A
História registra que, em todas as épocas, nenhuma instituição dedicou mais
esforços materiais e pessoais à criança do que a Igreja de Jesus. Numerosas
congregações foram criadas exatamente para acompanhar as crianças, dando a
estas a formação humana, moral e espiritual que as próprias famílias não
estavam em condição de lhes proporcionar.
E
uma das raras maldições de Jesus foi dirigida para quem escandaliza “um destes
pequeninos” (cf. Mc 9,42).
Orai sem cessar: “Quem
for pequenino, venha a mim!” (Pr
9,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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