A pérola de grande valor... (Mt 13,44-46)
Apenas três
versículos. Duas mínimas parábolas. Uma lição essencial.
Não nos
cansemos de admirar a densidade do ensinamento do Mestre Jesus, sua sabedoria
ao condensar em duas imagens um ensinamento de valor eterno.
Dou a
palavra a Hébert Roux, que comenta esta passagem:
“O que Jesus
quer trazer à luz é o valor inestimável que representa a posse do Reino. O
tesouro escondido, descoberto pelo homem, permanece como uma realidade oculta, apesar de descoberta. Desde
então, a existência daquele que fez essa descoberta fica transformada. Ele
possui tal alegria e certeza, que não irá recuar diante de nenhum sacrifício.
Assim sendo, o Reino aparece também como
uma realidade atual. Aquele que vende
tudo o que tem para adquirir o campo ou a pérola, sabe muito bem que não está
trocando a presa por sua sombra. E ele sabe disso com uma certeza que o deixa
transportado de alegria.
Aqueles que o veem agir assim, podem
até tomá-lo por louco, pois aos olhos do mundo é uma loucura renunciar a tudo,
renunciar ao que se tem, ao que se vê, ao que se possui, por aquilo que não se
vê. Ele, porém, o homem que descobriu o tesouro ou a pérola, sabe ter agido com
sabedoria, aquela que é dada pela fé, e é capaz de ver ‘as coisas que não são
como se existissem’ (Rm 4,17), porque ele discerne a realização delas na
promessa de Deus.
‘Onde está o
teu tesouro, aí está o teu coração’, declara o Sermão da Montanha (Mt 6,19-21).
A alegria é a marca da fé, alegria sobrenatural, felicidade imprevista e
imprevisível daqueles a quem o Reino dos céus é dado na fé. Alegria de Jesus
Cristo que ele deposita pessoalmente naqueles que escutam e guardam sua
palavra, ‘para que sua alegria seja perfeita’ (Jo 15,11).”
Assim,
estamos diante de duas pequenas parábolas que associam o Reino e a alegria.
Exatamente a alegria que o mundo busca de modo insaciável, disposto a pagar
caro por ela. A alegria que em vão se procura nas festas e nos shows, nos campeonatos
e nas medalhas olímpicas, na droga e no prazer... Uma alegria que não consiste
em possuir, mas em ser possuído.
E ela se
esconde – a alegria tão procurada – naquele encontro inesperado, na súbita
iluminação dos dois discípulos de Emaús diante do pão partido. Uma alegria que
é grátis, puro dom, uma graça que só Jesus Cristo nos pode dar...
Orai sem cessar: “Devolve-me, Senhor, a
alegria de ser salvo!” (Sl 51,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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