O maior
mandamento... (Mt 22,34-40)
Existe uma gradação no amor? Bem, ao
menos devemos hierarquizar as normas, as leis e os mandamentos. Há coisas que
estão no âmago da Lei, no coração da vida espiritual. Há outras são corolários,
consequências das primeiras.
Mesmo que o questionamento feito a
Jesus, no Evangelho de hoje, tenha sido mero pretexto para “pegá-lo” em uma
arapuca doutrinária, pelo menos valeu para que aprendamos bem sua lição.
Existem dois amores que se fundem num só: o amor a Deus e o amor ao próximo.
Se amamos a
Deus, por isso mesmo não podemos deixar de amar aqueles que ele ama, criados à
sua imagem e semelhança. Por outro lado, se amamos os nossos amados (pai e mãe,
filhos, irmãos, amigos, benfeitores da humanidade etc.), como não amar também
seu Criador? Nossos amados são sempre um dom que Deus nos oferece para dar
sabor e alegria à nossa caminhada na terra.
A coisa fica
incômoda quando o “próximo” não nos parece próximo... Aquele mendigo que bate à
nossa porta, o bêbado caído na calçada, o adversário na política, o membro de
outras Igrejas que nos acusa de idolatrias e outros pecados...
Como nos aproximar deles, ultrapassando
os largos fossos e as altas muralhas que se foram acentuando ao longo dos
séculos? Como gastar nosso azeite e nosso vinho para cuidar de suas feridas,
tal como fez o samaritano da parábola (cf. Lc 10,30ss). Como chegar a esse
“amor impossível”?
Além do
mais, o mandamento repetido por Jesus inclui uma cláusula assustadora: “amarás
a teu próximo COMO A TI MESMO”. Tal como desejo manter a minha vida, como busco
por segurança e conforto, e fico feliz quando alguém se ocupa de mim, é assim mesmo
que deveria proteger a vida do próximo, zelar por sua segurança e gastar com
ele tempo e dinheiro...
Utopia? Pode
parecer, quando se vive em uma sociedade fechada em si mesma, atrás de muros e
cercas elétricas. Quando o individualismo e a ânsia de acumular petrificam
nosso coração. Quando a pobreza e a sobriedade deixam de ser virtudes para se
tornarem uma desgraça...
No entanto,
exatamente em nosso mundo – com seus crimes e defeitos – ainda há pessoas cheias
de amor que adotam crianças abandonadas, cuidam de idosos carentes, lutam pela
defesa do ambiente e dos direitos humanos. Assim, enquanto houver um único
santo sobre a terra, não teremos desculpas para não amar...
Orai sem cessar: “Oh! como é bom e agradável
irmãos
unidos viverem juntos!” (Sl 133,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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