De
onde me conheces? (Jo
1,45-51)
Ao
fazer esta pergunta, Natanael (também chamado Bartolomeu) não podia imaginar
que estava diante do Filho de Deus que se encarnara. Se soubesse disso, não
faria a mesma pergunta. Como um bom israelita (v. 47), ele conhecia as
Escrituras que falam do conhecimento que Deus a nosso respeito.
Trata-se
de um “conhecimento” anterior a nossa própria fecundação: o Deus eterno é
também onisciente, aquilo que chamamos de futuro é para Ele um eterno presente.
Não foi o que declarou Jeremias? “Veio a mim a Palavra do Senhor: ‘Antes de
formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia; antes de saíres do ventre, eu
te consagrei e te fiz profeta para as nações’.” (Jr 1,4-5)
Também
o salmista foi iluminado a respeito do íntimo conhecimento que Deus tem sobre a
pessoa humana:
“Senhor,
tu me examinas e me conheces,
sabes quando me sento e quando me
levanto.
Penetras de longe meus pensamentos
[...]
Sabes todas as minhas trilhas.
Tu me conheces por inteiro.
Não te eram ocultos os meus ossos
quando eu estava sendo formado em
segredo,
e era tecido nas profundezas da
terra.
Ainda embrião, teus olhos me
viram.” (Sl 139,1-3.14-16)
O
profeta Isaías confirma tudo isto: “Desde o seio materno, o Senhor me chamou;
desde o ventre de minha mãe, já sabia o meu nome”. (Is 49,1b)
Sendo
tão claro e profundo o conhecimento que Deus sobre nós, conhece em detalhes
nossas fraquezas, nossas feridas, nossos pecados. E quanto mais feridos
estamos, mais se excita a sua misericórdia, mais se manifesta o seu amor. É a
afeição do bom Pastor pela ovelha machucada.
Devemos
concluir que é pura insanidade, de nossa parte, todo movimento de fuga, toda
tentativa de ocultar ao Senhor a nossa realidade pessoal, mesmo os pensamentos
mais íntimos e as intenções mais inconfessáveis.
E
por falar em “in-confessável”, como entender a dificuldade em confessar nossos
pecados a um Deus que é Pai e já conhece previamente todos os nossos erros e
fracassos? Aliás, como ensinou o Filho, há mais alegria nos céus por um só
pecador que volta para casa, do que por noventa e nove justos que não precisam
regressar (cf. Lc 15,7).
Orai sem cessar: “Senhor, sabes tudo de mim!” (Sl 139,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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