O Senhor é fiel... (Sl
145 [144])
Hoje,
cedo o espaço a Santo Agostinho, que comentou longamente todo o saltério. Ele
reflete sobre a fidelidade de Deus.
“Fiel
é o Senhor em todas as suas promessas, e santo em todas as suas obras. Fiel é o
Senhor em todas as suas promessas. Pois, o que prometeu e não deu? Existem
algumas coisas que prometeu e ainda não deu; mas acredite-se nele, tendo em
vista o que já deu. Fiel é o Senhor em todas as suas promessas. Poderíamos
acreditar somente em suas palavras. Mas não quis que confiássemos apenas no que
dizia, quis obrigar-se por sua Escritura. Seria algo como se dissesses a alguém
a quem prometesses algo: ‘Não acreditas em mim, escrevo para ti’. Na verdade,
uma vez que uma geração vai, e outra geração vem, e assim transcorrem estes séculos,
enquanto os mortais dão lugar aos que são seus sucessores, devia permanecer a
Escritura de Deus, e certo documento de Deus, que pudessem ler todos os que
passassem e retivessem a garantia de sua promessa.”
O
adjetivo “fiel” – que expressa um traço da natureza divina – está ligado ao
verbo “confiar”. Quem é fiel merece confiança, aquela aposta que fazemos nele.
Se Deus é fiel, posso fiar-me nele, ainda quando isto parece um interminável
balé sobre o cabo estendido no abismo. Curiosamente, estamos sempre apostando a
vida: a noiva confia no noivo; os passageiros do avião confiam no piloto; os
pacientes confiam no médico. E são simples mortais, sujeitos a erros e enganos.
E quanto a Deus?...
Santo
Agostinho prossegue: “Os homens duvidam, não querem confiar nele a respeito da
ressurreição dos mortos e do século futuro, as únicas coisas que ainda faltam
ser cumpridas. Quando, se ele acertar as contas com os infiéis, eles se
envergonharão? Se Deus te disser: ‘Tens o meu título; prometi o juízo, a
separação entre bons e maus, o reino eterno aos fiéis, e não queres acreditar?
Lê no meu documento o que prometi, acerta comigo; certamente, ao menos
computando o que paguei, podes acreditar que hei de pagar o que ainda devo’”.
Na
tradução francesa, um dos livros de Hans Urs von Balthasar foi intitulado “Só quem ama merece confiança”. Por isso
mesmo, o Autor traduz um pouco diferente a passagem da 1ª Carta de São João:
“Reconhecemos o amor de Deus por nós e, então, pudemos crer”. (1Jo 4,16) Ora, o
Deus que nos fez promessas é o mesmo Deus que morreu por nós. Basta isto para
apostar nele a nossa vida?
Orai sem cessar: “Eis o Deus que me salva, eu confio e nada
temo!” (Is 12,2)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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