O Senhor é meu escudo! (Sl
28 [27])
A
existência humana neste planeta é evidentemente uma condição agônica, isto é,
de permanente combate contra forças de desagregação que tendem para o caos. Até
a Sequência da Missa de Páscoa – Victimae
paschali laudes – refere-se a este conflito: “Mors et vita duello conflixere mirando”, isto é, morte e vida lutam
em notável combate. Não admira, pois, que sejam tão frequentes na Bíblia as
imagens de caráter guerreiro: a espada da Palavra de Deus, os dardos do
inimigo, as fileiras de anjos, a couraça da justiça. É neste contexto que o
poeta fala de Deus como seu “escudo”.
Arma
defensiva, ainda hoje vemos as tropas de choque munidas de escudos nas
manifestações de rua. Em escala maior, fala-se em escudo antimíssil como
proteção contra ataques terroristas. Assim, escudo é imagem de defesa e
proteção.
Eis
o comentário de Manfred Lurker: “Na Bíblia, o escudo é a figura da proteção
concedida por Deus. A Abraão disse o Senhor: ‘Não temas, Abraão! Eu sou teu
escudo!’ (Gn 15,1) Após obter uma vitória contra os filisteus, Davi com gratidão
chamou a Deus de o seu escudo, seu chifre de salvação e sua praça forte. (2Sm
22,3) Enquanto o escudo oferece normalmente proteção de um lado só, o escudo de
Javé dá cobertura total; assim se deve entender o Sl 3,4: ‘Tu, porém, Senhor,
és escudo em torno de mim’”.
E
ainda: “Apoiando-se em Efésios, João Crisóstomo compara a fé ao escudo; assim
como este último faz malograr todo ataque, também a fé faz recuar todo mal. Na
arte cristã, o escudo é atributo de santos guerreiros (como São Jorge) e do
Arcanjo Miguel, para representar sua qualidade de batalhador contra satã ou o
dragão apocalíptico”.
A
mesma imagem do escudo-proteção divina está expressa no Salmo 91:
“Ele [Deus]
te livrará do laço do caçador, da peste funesta;
ele te
cobrirá com suas penas,
sob suas asas
encontrarás refúgio.
Sua
fidelidade te servirá de escudo e couraça.
Não temerás
os terrores da noite
nem a flecha
que voa de dia,
nem a peste
que vagueia nas trevas,
nem a praga
que devasta ao meio-dia”. (Sl 91,3-6)
Em
tempos de medo e pânico, neuroses e fobias, por que recusar o escudo do Senhor?
Orai sem cessar: “O Senhor é escudo de todos que nele se
refugiam!” (Sl 18,31)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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