Alimento aos que o temem... (Sl
111 [110])
No
Sermão da Montanha, Jesus disse que os pardais são alimentados pelo Pai do Céu,
o mesmo que veste de esplendor os lírios do campo. E se ele alimenta humildes
pardais, avezitas sem cor e sem canto, com muito mais razão há de alimentar os
filhos! E isto nos ensina algo que devia ser óbvio, mas costuma “passar
batido”. O mesmo Deus que nos cria, também nos alimenta. Que Pai seria esse que
chamasse à vida e, a seguir, deixasse os filhos morrendo de inanição?
Na
história do Povo de Deus, o evento marcante da ação alimentadora de Deus está
registrado no Livro do Êxodo. Caminhando pelo deserto, em 40 anos de jornada, era
impossível plantar e colher. O Senhor acudiu o seu povo e, com permanente
milagre, o alimentou com o maná: “O Senhor disse a Moisés: ‘Vou fazer chover
pão do alto do céu. Sairá o povo e colherá diariamente a porção de cada dia’”.
Os
Padres da Igreja primitiva reconheceram prontamente no dom gratuito do maná uma
figura do futuro sacramento da Eucaristia, que Jesus anunciaria como “o
verdadeiro pão que meu Pai vos dá” (Jo 6,32). E Jesus vai além, apresentando-se
como nosso alimento superessencial: “Eu sou o pão vivo que desci do céu. Quem
comer deste pão viverá eternamente”. (Jo 6,51)
O
Salmo da liturgia de hoje assegura que Deus é “alimento para os que o temem”.
Santo Agostinho comenta este versículo: “Para que serviram os milagres, a não
ser para incutirem temor? De que adiantaria, porém, o temor se o ‘Senhor,
misericordioso e clemente’, não sustentasse ‘os que o temem’? Desceu o pão do
céu (cf. Jo 6,27.51), alimento incorruptível, dado a quem nada merecia. Pois
Cristo morreu pelos ímpios (cf. Rm 5,6). Ninguém daria tal alimento, a não ser
o Senhor misericordioso e clemente. Se deu tanto nesta vida, se o Verbo feito
carne acolheu o pecador para justificá-lo, que não receberá no futuro século o
que for glorificado?”
Houve
épocas, em nossa Igreja, em que as pessoas participavam da assembleia
eucarística, mas não comungavam. Em outras épocas, era preciso ter autorização
especial do confessor para chegar à mesa da comunhão. As crianças só foram
autorizadas a receber o Pão da Vida no pontificado do Papa Pio X [1903-1914].
Mesmo hoje, muitos católicos ainda não descobriram a importância da comunhão
frequente como alimento para a missão. Creio, mesmo, que muitos cansaços e
desistências aconteceram por falta dessa nutrição espiritual.
Participando
da mesa eucarística, nós nos preparamos para o banquete do Cordeiro.
Orai sem cessar: “Felizes os convidados para o banquete das
núpcias do Cordeiro!” (Ap 19,9)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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