Paz para ti! (Sl 122 [121])

Jerusalém.
Yeroushalayim. A cidade cujo nome
inclui um shalom, a paz. A cidade
hoje fraturada entre ódios e terrores. Dura realidade que nos interroga sobre
os caminhos da concórdia e da fraternidade, ideal que parece fugir sempre mais
de nossos passos...
Será
ainda possível a paz tão sonhada? Santo Agostinho aponta o caminho:
“Que
é a paz de Jerusalém? Consiste em que as obras corporais de misericórdia
correspondam às obras espirituais da pregação; far-se-á a paz, dando e
recebendo. O Apóstolo afirmou que estas esmolas se acham sob a razão de dar e
receber; disse: ‘Se semeamos em vosso favor os bens espirituais, será excessivo
que colhamos os vossos bens materiais?’ (1Cor 9,11) Sobre o mesmo assunto, ele
diz em outra passagem: ‘Quem recolherá muito, não teve excesso; quem recolherá
pouco, não sofreu penúria’. (2Cor 8,15) Por que motivo ‘quem recolhera muito
não teve excesso?’ Porque quem possuía mais, deu ao indigente. E que significa
que ‘quem recolhera pouco não sofreu penúria?’ Porque recebeu daquele que tinha
mais, e ‘assim haverá igualdade’ (2Cor 8,14). De tal paz é que foi dito: ‘Haja
paz em tua fortaleza’”.
A
lição óbvia é que a paz é impossível sem a justiça. A acumulação gera a guerra.
A desigualdade gera o conflito. Não ama a paz quem não partilha. Em 1967, Paulo
VI já alertava:
“As
excessivas disparidades econômicas, sociais e culturais provocam, entre os
povos, tensões e discórdias, e põem em perigo a paz. A condição das populações
em fase de desenvolvimento deve ser objeto da nossa consideração, ou melhor, a
nossa caridade para com todos os pobres do mundo, e eles são legiões infinitas,
deve tornar-se mais atenta, mais ativa e mais generosa". Combater a miséria e lutar
contra a injustiça, é promover não só o bem-estar mas também o progresso humano
e espiritual de todos e, portanto, o bem comum da humanidade. A paz não se
reduz a uma ausência de guerra, fruto do equilíbrio sempre precário das forças.
Constrói-se, dia a dia, na busca de uma ordem querida por Deus, que traz
consigo uma justiça mais perfeita entre os homens.” (Populorum Progressio, 76)
Orai sem cessar: “Felizes os que promovem a paz!” (Mt 5,9)
Texto e poema de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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