Sabiam quem ele era... (Mc 1,29-39)
O Evangelista Marcos afirma
categoricamente que os demônios identificavam em Jesus o Messias prometido. E
se tentavam dizê-lo pela boca de seus possuídos, eram prontamente silenciados
pelo Mestre de Nazaré. Certamente, não convinha que isto fosse ventilado...
Em áspero
contraste com o conhecimento dos demônios, contemplamos a ignorância dos
homens, conforme registra São João no prólogo de seu Evangelho: “Ele (o Verbo
de Deus) veio para o que era seu, e os seus não o acolheram.” (Jo 1,11.) Como
explicar esta recusa?
E não foi
por falta de sinais da parte de Jesus. Ele falava em nome do Pai e não escondeu
sua filiação divina. Além dos milagres realizados – cegos que veem, surdos que
ouvem, paralíticos que andam, mortos ressuscitados, tempestade acalmada, pães
multiplicados – o próprio Jesus venceria a morte e retomaria sua vida. Nada
disso foi suficiente para quebrar a incredulidade de seu povo. Como entendê-lo?
Uma das
teorias a esse respeito é que Jesus Cristo não teria correspondido ao “modelo”
de Messias que estava gravado no inconsciente coletivo de Israel. Esperava-se
por um Libertador que devolvesse a Israel o brilho dos tempos salomônicos,
expulsando para o mar os dominadores romanos. O excesso de politização teria
impedido que reconhecessem a mansidão do Cordeiro que mandava guardar a espada
na bainha...
Outra teoria
afirma que Jesus foi recusado porque causava prejuízos... Sim, os dirigentes
religiosos viram em Jesus uma ameaça para seu prestígio junto ao povo. Mais de
uma vez suas artimanhas foram desmascaradas pelo Rabi. Os dirigentes políticos
temiam que Jesus se transformasse em um guerrilheiro ou líder revolucionário,
fazendo tremer os alicerces do poder. Exemplo desse “prejuízo” aconteceu quando
Jesus expulsou os demônios para uma vara de porcos (cf. Mt 8,31-34) e estes se
precipitaram no mar. De imediato, os criadores pediram que Ele fosse embora
dali...
Se o pai de
Francisco de Assis o deserdou porque o filho distribuía seus tecidos aos
pobres, deve haver muita gente despachando Cristo de suas vidas com medo de
prejuízos semelhantes.
E nós?
Sabemos quem é Jesus Cristo em nossa vida? Ou também preferimos evitá-lo, temendo
que nos cause prejuízos?
Orai sem cessar: “Senhor, vós sois minha parte de
herança!” (Sl 16,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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