Que procurais? (Jo 1,35-42)
Pelas sendas
tortuosas da história, o ser humano já foi definido como “homo viator”.
Um homem a caminho, peregrino, sempre à procura. Não necessariamente um “judeu
errante”, sem rumo nem direção, condenado a não encontrar. Bem ao contrário,
segundo as palavras expressas do próprio Jesus, “aquele que procura acha” (cf.
Mt 7,8).
Hoje, Jesus
nos faz a pergunta essencial: “Que procurais?” É como se dissesse: “Que é que
dá sentido a nossa vida?” Andamos atrás de quê? Por qual motivação gastamos
nossa vida e nosso tempo? Que é que merece nosso esforço, cansaço e dedicação?
Enfim, existe algo que valha a pena?
João e
André, até então discípulos de João, respondem com outra pergunta: “Mestre,
onde moras?” Uma pergunta cristocêntrica. Toda ela centrada na pessoa do
Messias. Por isso mesmo, uma pergunta essencial.
Eles não
perguntam como obter saúde, como ajuntar dinheiro, como ter segurança. Não
perguntam qual o caminho da felicidade, como se livrar da depressão, como
esmagar os seus adversários. Afinal, bons alunos de João Batista, já devem estar
iniciados nas coisas do Espírito. Basta-lhes encontrar o “lugar” das
bem-aventuranças – o próprio Cristo.
E Jesus
responde com um convite: “Vinde ver!” Sim, com a Encarnação do Verbo de Deus, o
Invisível se fez visível. O transcendente se fez imanente. O Eterno invadiu
nossa história. E “bem-aventurados os olhos que veem” (cf. Mt 13,16) o Cristo,
agora sem véus diante dos olhos humanos. O convite de Jesus deixa claro que é
na intimidade do Senhor que iremos descobrir os seus mistérios. Trata-se de caminhar
com ele, viver a vida ao seu lado, absorver seus gestos e palavras.
Certas
religiões fazem promessas mágicas. Nos templos pagãos, o sacerdote vendia
palavras secretas que, repetidas à exaustão, obteriam favores da divindade. As
seitas garantem que Deus gosta de dinheiro e favorece com fartura os doadores
mais extremados. Os gnósticos reservaram a poucos iniciados o conhecimento de
Deus.
Agora, vem
Jesus e nos convida à intimidade, uma con-vivência com Ele. Nada mais simples.
Ser discípulo é “estar com o Mestre”, viver a vida na presença do Senhor. Nada
de espetaculoso, nada de excepcional, mas ao alcance de qualquer homem ou
mulher, em qualquer tempo e lugar. Iremos com Jesus?
Orai sem cessar: “Como são amáveis as vossas moradas, Senhor!” (Sl 84,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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