domingo, 11 de março de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Se queres, podes limpar-me... (Mc 1,40-45)
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            Querer é poder? Não para nós. Só para Deus. O que está ao nosso alcance é a atitude do leproso deste Evangelho, que faz uma aposta no querer de Deus e se abandona plenamente ao toque de suas mãos.

            É fácil? Não. É difícil? Também não. É uma questão de fé, não de humano esforço. E existem vários níveis de fé. Se entro em um ônibus, faço um ato de fé no motorista. Se sofro uma cirurgia, faço um ato de fé no anestesista e no cirurgião. Trata-se de uma atitude de abandono que realizamos como algo inevitável.
            É diferente a fé do leproso. No caso dele, a única inevitável era a certeza de seu mal, a realidade de sua exclusão social, a fatalidade de seu destino. No entanto, pulsa em seu íntimo uma força que supera toda limitação da natureza humana. Quando Jesus se referiu a esta força, afirmou que ela poderia transportar montanhas (cf. Mt 17,20).
            No mínimo, este Evangelho poderia ensinar-nos o segredo da oração cristã. Levando em conta não as nossas forças, mas o poder e a bondade daquele a quem nos dirigimos, nossa oração se torna onipotente.
            Eis a reflexão de Pascásio Radbert [785-860 d.C.]:
            “Este leproso nos dá excelente conselho sobre a maneira de rezar. Ele não põe em dúvida a vontade de Senhor, como se recusasse crer em sua bondade, mas, consciente da gravidade de suas faltas, não quer presumir essa vontade. Quando diz que o Senhor, se o quiser, pode purificá-lo, ele faz bem em afirmar desse modo o poder que pertence ao Senhor, bem como sua fé inquebrantável. É que, para obter uma graça, requer-se a fé pura e verdadeira, tanto quanto a atuação do poder e da bondade do Criador.
            A fé pura, vivida no amor, mantida pela esperança, paciente na espera, humilde em sua afirmação, firme na confiança, cheia de respeito em sua oração e de sabedoria naquilo que pede, está certa de ouvir, em toda circunstância, esta palavra do Senhor: ‘Eu o quero!’
            Tendo presente ao espírito esta resposta admirável, nós devemos reagrupar as palavras segundo o seu sentido. Assim, o leproso disse para começar: ‘Senhor, se queres...’, e o Senhor: ‘Eu o quero’. Tendo o leproso acrescentado: ‘Tu podes limpar-me’, o Senhor ordenou com o poder de sua palavra: ‘Sê limpo!’ Verdadeiramente, tudo que o pecador proclamou em uma autêntica confissão de fé, a bondade e o poder divinos logo o realizaram por graça.”
            Pausa para reconhecer: não é verdade que rezamos pouco? Não é verdade que não esperamos muito de Deus? Não é verdade que a certeza de nossa falta de méritos trava nossa oração, como se Deus fosse médico só para os sadios?
            Bendito leproso, que acredita mais no Médico que em sua própria lepra!
Orai sem cessar: “Lava-me, Senhor, de toda a minha culpa!” (Sl 51,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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