Entra no teu quarto... (Mt
6,1-6.16-18)
Em
termos de vida de oração, nós somos eternos aprendizes. Dificilmente iremos
encontrar alguém que se declare satisfeito com a oração que faz, pois são
muitas as barreiras que dificultam nossa relação com Deus.
Hoje,
vamos aprender com o monge beneditino François Trévedy, que reflete conosco
sobre este Evangelho:
“‘Quando
tu rezares, entra...’ Entra. Eis a primeira palavra de Jesus sobre a oração, a
primeira etapa do método que ele nos ensina. Entra. Desde já, a direção nos é
indicada: é preciso ir no sentido do interior.
Entra.
Vale dizer que nós estamos sempre do lado de fora; vale dizer que permanecemos
fora por tanto tempo, que não rezamos; fora de nós mesmos, fora da Igreja, fora
do mundo, fora de Deus. A oração nos leva a re-integrar nosso Domicílio e nosso
Lugar; ela é a Páscoa de fora para dentro. Quando Judas foi para fora, ‘era
noite’ (Jo 13,30). Tu também, por mais tempo que fiques de fora, se não te
esforças por vir a ser um homem de oração, tu permaneces exilado nas ‘trevas
exteriores’ (cf. Mt 25,30). Tão logo rezas, tu entras na luz, pois a luz está
dentro.
Durante
todo o tempo que ficas de fora, tu experimentas a tristeza. Entras? Eis a
alegria! ‘Entra na alegria de teu Senhor’ (Mt 25,21). O irmão mais velho do
pródigo, ‘próximo da casa, ouviu música e danças’, mas ele foi tomado de cólera
e recusou entrar’ (Lc 15,25.28).
Do
lado de fora, só existe agitação: ‘Esforcemo-nos, pois, por entrar no repouso’
do Senhor (Hb 4,11), no grande sábado da oração contemplativa. E seria tão
simples entrar! No entanto, isto nos custa; preferimos a exterioridade. Entrar
exige esforço. ‘Esforçai-vos por entrar’, diz Jesus (Lc 13,24). E é muito forte
o verbo que Lucas emprega aqui: Agônizesthe eiselthein. ‘Lutai para
entrar; agonizai para entrar’; a Páscoa pessoal de cada homem para sua
interioridade supõe nada menos que uma agonia; um batismo, também, e uma
renovação total, pois, ‘a menos que nasça da água e do Espírito, ninguém pode
entrar’ (Jo 3,5).
Nós
somos para nós mesmos a Terra Prometida, e a entrada tão laboriosa nesta Terra
de interioridade constitui todo o drama de nossa história sagrada.
‘E
eis que Tu estavas dentro de mim e eu estava fora de mim, e eu te procurava lá
fora...’ (Santo Agostinho, Confissões.)
Para
que, enfim, nós consintamos em entrar, é preciso que se exerça sobre nós a
persuasão – até mesmo a violência – da Palavra do Servo que o Pai enviou com
este mandato: ‘Obriga-os a entrar!’ (Lc 14,23).”
[Do
livro “Orar em Segredo”, Ed. O Lutador, BH, 2009, trad. de A.C.Santini.]
Orai sem cessar: “Entrai
exultantes em sua presença!” (Sl
100,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
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