A
verdade vos libertará!
(Jo 8,31-42)
Nosso tempo é um tempo de mentiras.
Juramentos rompidos, contratos fraudados, relações simuladas... Como num baile
de máscaras, os homens se desafiam um ao outro: “Adivinhe quem sou!”
Este é um mundo de escravos. Vivemos
na gaiola dos instintos, nas grades do ódio, nos grilhões do pecado. Falamos
tanto em liberdade, fazemos beicinho de admiração porque nossos bisavós tinham
escravos e... vivemos como os infelizes remadores das galeras, acorrentados aos
nossos remos...
Aí, vem Jesus Cristo e se apresenta
candidamente: “Eu sou a Verdade!” (Jo 14,6.) Prontamente, os escravos o prendem
e cravam em uma cruz. Os escravos prendem o seu Libertador...
Parece que eles se sentiram
ameaçados com a súbita e inesperada promessa de libertação. “Deixe-nos em paz!
Gostamos tanto de nossa escravidão! Por que não podemos continuar acumulando
mais e mais riquezas para garantir nosso futuro? Por que não podemos passar o
dia imaginando os prazeres – lícitos ou não – que experimentaremos nesta noite?
Por que não posso buscar com avidez mais e mais poder, para puxar os cordéis da
vida política e econômica?”
Falando assim, não percebem que o
possuidor é possuído. O dono serve a seus bens. O luxurioso é marionete de sua
sexualidade. A simples alusão a uma possível libertação soa a seus ouvidos como
terrível perda: “Eu gosto de ser escravo!”
Desde Pentecostes, iluminada pelo
Espírito Santo, a Igreja se reconhece como depositária de uma Verdade que se
manifestou em Jesus Cristo e precisa ser revelada aos homens e mulheres de cada
geração, para que tenham acesso à vida em Deus. Esta consciência de sua missão
explica que, ao longo dos séculos, tantos homens e mulheres da Igreja tenham
sacrificado voluntariamente a própria vida para dar testemunho da luz, como
João Batista (Jo 1,7).
Quem aderiu ao anúncio do Evangelho
e abraçou a Verdade, em Jesus Cristo, experimenta a mais indizível libertação.
Mas sempre estaremos sujeitos à tentação de voltar à velha vida. Algo em nossa
carne ainda guarda as sequelas da Queda das origens (Gn 3). O homem carnal
experimenta um tropismo pela escravidão. E Paulo precisará alertar: “É para que
sejamos livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos
submetais outra vez ao jugo da escravidão.” (Gl 5,1.)
Escravos não amam. Jesus nos liberta
para que o Amor seja possível em nós...
Orai sem cessar: “O Senhor libertará o infeliz que
o invoca!” (Sl
72,12)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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